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ANCEVE alerta para a iminência da falência de empresas do sector dos vinhos

Tudo o que está a montante e a jusante do sector dos vinhos, das matérias-primas aos transportes, sofreu aumentos de tal ordem, que há cada vez mais empresas do sector próximas do estado de insolvência.
21 Julho 2022, 19h51

O aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral “está a levar inúmeros pequenos e médios produtores de vinho à beira da falência”, refere a ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas, em comunicado assinado pelo seu presidente, Paulo Amorim.

Para além de o gasóleo agrícola, “um produto tão sensível para o agro-alimentar”, subiu de 0,83 euros para quase 1,80 euros o litro, “os adubos e outros materiais agrícolas essenciais subiram para mais do dobro. A eletricidade subiu exponencialmente. As caixas de cartão subiram 125%, de 400 euros para mais de 900 o milheiro. As garrafas subiram já quatro vezes este ano, de 0,18 euros em 2021 para 0,27 em 2022, 50% de aumento para uma garrafa tipo. Os rótulos subiram também 50%. As rolhas 20%. As cápsulas 30%. Todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços. E passaram a exigir aos pequenos e médios produtores o pagamento contra entrega, não concedendo prazos, como antes acontecia”, refere Paulo Amorim.

Por outro lado, “continuam a verificar-se enormes problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão”. Ao mesmo tem, o custo dos transportes disparou: “como exemplo, o custo de envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve era de 35 euros e agora está nos 65 euros. Acresce que são debitadas ao produtor taxas-extra de combustível, que antes não existiam”.

Por outro lado, escasseia a mão-de-obra, numa altura em que se inicia mais uma vindima. “E a legislação continua a estar desadaptada à realidade, sem qualquer flexibilidade. Como exemplo, se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica”.

A ANCEVE alerta para que os produtores apenas conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10%, “pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar”.

“É urgente e imperioso que o Governo aceite agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um sector que leva longe o nome de Portugal mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos”, conclui Paulo Amorim. A ANCEVE é uma associação empresarial do sector dos vinhos, incluindo empresas de todo o país.

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