André Ventura acusa Rui Rio de “não ter comportamento de líder de oposição”

Líder do Chega acusa homólogo social-democrata de estar a formar uma “nova geringonça” com o PS, tendo o objetivo de que lhe “caia do céu” um lugar de vice-primeiro-ministro ou ministro das Finanças.

Mário Cruz/Lusa

O deputado único do Chega, André Ventura, acusou Rui Rio de “não ter comportamento de líder de oposição” em declarações a jornalistas após a aprovação do Orçamento Suplementar, apenas com o voto favorável da bancada socialista e viabilizado pela abstenção do PSD, do Bloco de Esquerda e do PAN.

Confessando a sua “grande desilusão com o comportamento de Rui Rio ao longo dos últimos dias”, Ventura disse que o líder social-democrata “está sempre de mão dada com o PS” e “à espera que caia do céu um lugar de vice-primeiro-ministro ou de ministro das Finanças”. E, referindo-se à “nova geringonça que se está a formar”, apontou o dedo a “manobras noturnas que ninguém entende” entre socialistas e sociais-democratas que considera terem estado na origem da reprovação de propostas do Chega para a redução do IVA da eletricidade e um complemento salarial aos profissionais que estiveram na linha da frente do combate à pandemia de Covid-19.

Particularmente crítico com a iniciativa de Rio para uma alteração do regimento da Assembleia da República que ponha termo aos debates quinzenais com o primeiro-ministro, o líder do Chega comentou que “daqui a nada” o seu homólogo social-democrata “vai dizer que mais vale não haver deputados nem oposição”, bastando “enviar perguntas por escrito”.

Na apreciação do que disse ser um Orçamento Suplementar “excessivamente otimista e à espera do dinheiro que virá da União Europeia”, bem como “irrealista e incapaz de responder às necessidades do país” e de prever “o desastre que vamos ter a nível de desemprego e de saldo orçamental”, André Ventura destacou ainda o acordo tácito entre os dois maiores partidos para a “louca injeção de capital na TAP à custa dos contribuintes”.

Quanto à escolha do ex-eurodeputado Francisco Assis para a presidência do Conselho Económico e Social, André Ventura recordou que “é raro estar de acordo com Catarina Martins”, mas que também vê nesse nome mais um sinal de que se está a formar um novo Bloco Central contra o qual prometeu lugar, elevando o Chega a principal força da direita nas próximas eleições legislativas. Um projeto para o qual o também candidato presidencial parte para o resto da legislatura já em regime de exclusividade, pois declarou aos jornalistas presentes nos Passos Perdidos que cumpriu a promessa de deixar todas as outras atividades profissionais.

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