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Apesar de todas as promessas, conflito em Nagorno-Karabakh está de regresso

A violência armada regressou ao início da noite desta terça-feira. De forma muito pouco eficaz, todas as partes interessadas voltaram a apelar ao fim do conflito. Espera-se agora que a Rússia tente acalmar as duas ex-repúblicas soviéticas.
13 Setembro 2022, 17h17

De nada terão valido os apelos à diminuição da tensão entre a Arménia e o Azerbaijão na frente do conflito em Nagorno-Karabakh, vindos da Turquia, da União Europeia, dos Estados Unidos e da ONU. Segundo as agências internacionais, dezenas de soldados arménios foram mortos em novos combates de fronteira entre os dois países, no pior confronto desde a guerra de 2020.

Segundo aquelas fontes, após várias horas de combates particularmente violentos na fronteira durante a noite desta terça-feira, a Arménia pediu ajuda aos líderes mundiais, dizendo que as forças do Azerbaijão estão a tentar avançar no seu território. O primeiro-ministro Nikol Pashinyan exigiu dos líderes mundiais “uma reação adequada” aos “atos agressivos do Azerbaijão”.

Entretanto, a Rússia, aliada mais próxima da Arménia – com a Turquia a servir de espaldar ao Azerbaijão – disse que convenceu os rivais a acordarem um cessar-fogo rápido. Que, evidentemente, tem poucas garantias de não ser quebrado em pouco tempo.

Acusações e represálias entre os dois países reptem-se: a Arménia disse que as forças do Azerbaijão “lançaram bombardeamentos intensivos, com artilharia e armas de fogo de grande calibre, contra posições militares arménias na direção das cidades de Goris, Sotk e Jermuk” logo após o início da noite.

Do seu lado, o Ministério da Defesa do Azerbaijão acusou a Arménia de “atos subversivos em larga escala” perto dos distritos de Dashkesan, Kelbajar e Lachin, na fronteira, acrescentando que as suas posições militares “foram atacadas, inclusivamente por morteiros de trincheira”.

Citado pelas agências de notícias, Elnur Mammadov, vice-ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, disse que “a Arménia vem bombardeando posições militares do Azerbaijão há algumas semanas. Esses bombardeamentos intensificaram-se nos últimos dias. O que aconteceu esta noite foi uma provocação em larga escala dos militares arménios contra as posições do Azerbaijão, bem como o bombardeamento de pessoas e infraestruturas civis”.

De acordo com Pashinyan, pelo menos 49 soldados arménios foram mortos na resposta do Azerbaijão – que não terá sofrido qualquer baixa.

A Turquia, aliada próxima do Azerbaijão, disse ao governo de Yerevan, capital da Arménia, para “acabar com as provocações” contra Baku, como explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, no Twitter. E aconselhou o país a “concentrar-se nas negociações de paz e cooperação” com o seu vizinho.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que Washington está profundamente preocupado com os ataques e pediu “o fim de qualquer hostilidade militar imediatamente”, acrescentando que “não pode haver solução militar para o conflito”.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse por seu turno que o bloco está “pronto para avançar esforços para evitar uma maior escalada”, acrescentando que “não há alternativa à paz na região”.

A Rússia disse estar “extremamente preocupada” com o aumento nos combates e o seu Ministério das Relações Exteriores afirmou ter conseguido intermediar uma trégua que começou às 6 horas (de Lisboa) desta terça-feira. “Esperamos que o cessar-fogo seja cumprido integralmente”, disse o ministério em comunicado, sendo certo que em 2020 a mediação russa consegui – pelos vistos apenas por breves instantes – uma paz negociada e o início do que parecia ser o envolvimento dos dois países no desenvolvimento comum.

No centro do conflito entre as duas ex-repúblicas soviéticas está a região de Nagorno-Karabakh, enclave reconhecido internacionalmente como território do Azerbaijão mas que é povoado por arménios que querem juntar-se à sua Arménia natal. O Azerbaijão considera que os arménios étnicos ocupam ilegalmente as terras do enclave. Pelo menos 30 mil pessoas foram mortas no conflito após o colapso da União Soviética (1991). Só a guerra de seis semanas em 2020 matou pelo menos 6.500 pessoas.

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