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EUA: Apesar dos dados desapontantes em janeiro, economistas estão otimistas com recuperação laboral

O pacote de estímulos que deverá ser aprovado nos próximos tempos pelo Congresso norte-americano e o progresso do plano de vacinação são bons sinais para o futuro do mercado laboral da maior economia do mundo, apontam os analistas do ING e Commerzbank. O levantamento de restrições na Califórnia e Nova Iorque só deverá impactar os dados do emprego em fevereiro e março.
8 Fevereiro 2021, 07h50

Apesar de as expectativas para a criação de emprego nos Estados Unidos (EUA) em janeiro não serem à partida entusiasmantes – e os dados revelados nem tenham atingido estas previsões – há vários indicadores que apontam para que este possa ser um ponto inicial da recuperação que timidamente se começa a fazer sentir.

“O relatório do emprego de janeiro é mais fraco do que era previsível, mas temos esperança que este marque o ponto mais baixo da criação de postos de trabalho em 2021”, aponta James Knightley, economista-chefe internacional do banco ING.

Os 49 mil postos de trabalho criados em janeiro ficaram aquém dos cerca de 105 mil para que apontava o consenso dos analistas consultados pela “Bloomberg”, mas há alguns factores que atenuam esta desilusão, começando pelo retorno ao crescimento do emprego na maior economia do mundo, que havia visto uma diminuição em dezembro. Os dados inicialmente revelados indicavam menos 140 mil empregos, mas este indicador foi revisto em baixa para 227 mil.

A taxa de desemprego caiu mais do que era previsível, fixando-se nos 6,3% depois dos 6,7% de dezembro. Mas este resultado deve ser tomado com precaução: por um lado, o aumento reportado de 200 mil no emprego é apurado através de um questionário às famílias, conhecido por ser pouco fiável; por outro, o decréscimo na taxa é também motivado por menos 400 mil americanos no mercado laboral.

Os sinais mais animadores vêm, portanto, de outros indicadores. O Commerzbank destaca o aumento de 0,9% nas horas trabalhadas, o que espelha em parte o retomar da atividade económica face ao aliviar de restrições nalguns estados.

“Caso as empresas tivessem traduzido este acréscimo de horas em contratações, em vez de numa extensão dos horários dos trabalhadores já existentes, o emprego teria crescido 1,4 milhões”, refere Christoph Balz, economista sénior, na análise do banco.

Por outro lado, conforme nota o departamento de análise financeira e económica do ING, os relatórios mensais de criação de emprego reportam ao cenário verificado a cada dia 12, pelo que os dados de janeiro não refletem ainda a reabertura em curso da Califórnia, o estado mais populoso dos EUA. Este levantamento de restrições terá um especial impacto nos sectores da restauração e turismo, dois dos mais severamente impactados pela crise pandémica.

O banco holandês aponta ainda para um impacto maior no relatório de março, que espelhará já o aliviar das medidas de contenção em Nova Iorque, que começará a reabrir a restauração a partir de 14 de fevereiro.

A melhoria do mercado laboral norte-americano deverá, portanto, acompanhar o progresso do programa de vacinação no país, que começa a ganhar algum ímpeto, como sublinham as análises de ambos os bancos. Isto, aliado ao pacote de estímulos que o Congresso deverá aprovar nas próximas semanas, que incluirá apoios a pequenas e médias empresas e pagamentos diretos às famílias de 1.400 dólares (1.162,14 euros), deverá manter a economia na rota do crescimento, ao contrário da recessão que volta a abater a zona euro.

“Não vamos ter melhorias significativas no mercado laboral até as medidas de contenção serem levantadas em sectores fortemente impactados como o turismo, lazer ou hospitalidade. Provavelmente faltam ainda vários meses para este cenário, pelo que a performance das vacinas e o ritmo de vacinação serão críticos para as perspetivas futuras”, explica a nota do ING.

“No entanto, o pleno emprego de que os EUA gozavam antes da pandemia está ainda muito longe, sendo que os números oficiais do desemprego tendem a subestimar a extensão da miséria”, ressalva Christoph Balz.

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