Cortes no dividendo, na equipa, nos salários, no tráfego, nas lojas, na cotação das ações. Tudo isto aconteceu aos CTT em 2017, ano em que os lucros tombaram 56,1% para 27,3 milhões de euros, segundo os números divulgados esta quarta-feira. Com o plano de reestruturação, e toda a discussão política que envolve, a pairar sobre a empresa, o board apresentou um outlook para 2018 que incorpora a transformação do negócio postal ao mesmo tempo que tenta potenciar o crescimento.
“Queremos passar a mensagem que estamos a trabalhar nas duas vertentes, no plano de transformação e nas medidas de crescimento. O futuro tem de se fazer num conjunto equilibrado destas atividades. Temos de fazer crescer aquelas que têm capacidade de crescimento e temos de gerir de todos os lados os custos das atividades que com a ligação ao mundo físico estão a ser muito afetadas pela digitalização, o correio”, explicou Francisco Lacerda, CEO dos CTT, em conferência de imprensa.
Na apresentação distribuída aos jornalistas, a empresa salientou que o foco está em reformular o negócio postal “para tornar resiliente a transformação no médio prazo, apostando no desenvolvimento das alavancas de crescimento: Expresso & Encomendas e Banco CTT”.
A previsão para 2018 é de uma queda do tráfego de correio endereçado no intervalo de 5% a 6%. No entanto, o operador postal antevê um “crescimento ligeiro dos rendimentos, suportado pelo crescimento contínuo dos negócios de encomendas e banca”.
As iniciativas do Plano de Transformação Operacional para 2018-2020 deverá ter um impacto de cerca de 20 milhões de euros nos gastos operacionais não-recorrentes.
O EBITDA recorrente deverá fixar-se a níveis similares aos de 2017, “dependente da evolução do tráfego de correio e dos Serviços Financeiros, estes últimos atualmente sob pressão significativa”, frisou Lacerda. O investimento irá atingir os 35 milhões de euros, “parte dos quais relacionados com o Plano de Transformação Operacional”,
Dividendo volta ao passado
As alterações à política de dividendo desde a privatização têm sido momentos sensíveis para o título CTT, com o episódio mais recente a ter lugar em novembro de 2017, quando a empresa anunciou um corte de cerca de 20% no dividendo a pagar para o exercício do ano passado. Aliado com um corte significativo no guidance, o anuncio provocou um tombo de mais de 20% nas ações na sessão seguinte.
O dividendo de 0,38 euros por ação foi confirmado esta quarta-feira, mas foi acompanhado por um aviso que o plano de reestruturação operacional “terá um impacto significativo na política de dividendos”.
Durante a implementação do plano, “a empresa irá regressar à sua política de remuneração acionista anterior, baseada numa percentagem do resultado líquido gerado anualmente”.
Questionado pelo Jornal Económico sobre o que essa percentagem poderia representar para o exercício de 2018, Francisco Lacerda respondeu com cautela. “Em relação à política futura, é limitado ao resultado do exercício como está escrito na apresentação. Em termos de dividendos futuros eu só digo o que está escrito, precisamente para não permitir interpretações”.
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