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Após o tombo, os CTT procuram caminho para transformação e crescimento

O ano passado foi terrível para o operador postal e os lucros afundaram mais de metade. Para 2018, a equipa liderada por Francisco Lacerda procura a estabilidade no retorno operacional, mas sinalizou que o dividendo deverá sofrer um impacto significativo.
  • Miguel A. Lopes/Lusa
7 Março 2018, 19h30

Cortes no dividendo, na equipa, nos salários, no tráfego, nas lojas, na cotação das ações. Tudo isto aconteceu aos CTT em 2017, ano em que os lucros tombaram 56,1% para 27,3 milhões de euros, segundo os números divulgados esta quarta-feira. Com o plano de reestruturação, e toda a discussão política que envolve, a pairar sobre a empresa, o board apresentou um outlook para 2018 que incorpora a transformação do negócio postal ao mesmo tempo que tenta potenciar o crescimento.

“Queremos passar a mensagem que estamos a trabalhar nas duas vertentes, no plano de transformação e nas medidas de crescimento. O futuro tem de se fazer num conjunto equilibrado destas atividades. Temos de fazer crescer aquelas que têm capacidade de crescimento e temos de gerir de todos os lados os custos das atividades que com a ligação ao mundo físico estão a ser muito afetadas pela digitalização, o correio”, explicou Francisco Lacerda, CEO dos CTT, em conferência de imprensa.

Na apresentação distribuída aos jornalistas, a empresa salientou que o foco está em reformular o negócio postal “para tornar resiliente a transformação no médio prazo, apostando no desenvolvimento das alavancas de crescimento: Expresso & Encomendas e Banco CTT”.

A previsão para 2018 é de uma queda do tráfego de correio endereçado no intervalo de 5% a 6%. No entanto, o operador postal antevê um “crescimento ligeiro dos rendimentos, suportado pelo crescimento contínuo dos negócios de encomendas e banca”.

As iniciativas do Plano de Transformação Operacional para 2018-2020 deverá ter um impacto de cerca de 20 milhões de euros nos gastos operacionais não-recorrentes.

O EBITDA recorrente deverá fixar-se a níveis similares aos de 2017, “dependente da evolução do tráfego de correio e dos Serviços Financeiros, estes últimos atualmente sob pressão significativa”, frisou Lacerda. O investimento irá atingir os 35 milhões de euros, “parte dos quais relacionados com o Plano de Transformação Operacional”,

Dividendo volta ao passado

As alterações à política de dividendo desde a privatização têm sido momentos sensíveis para o título CTT, com o  episódio mais recente a ter lugar em novembro de 2017, quando a empresa anunciou um corte de cerca de 20% no dividendo a pagar para o exercício do ano passado. Aliado com um corte significativo no guidance, o anuncio provocou um tombo de mais de 20% nas ações na sessão seguinte.

O dividendo de 0,38 euros por ação foi confirmado esta quarta-feira, mas foi acompanhado por um aviso que o plano de reestruturação operacional “terá um impacto significativo na política de dividendos”.

Durante a implementação do plano, “a empresa irá regressar à sua política de remuneração acionista anterior, baseada numa percentagem do resultado líquido gerado anualmente”.

Questionado pelo Jornal Económico sobre o que essa percentagem poderia representar para o exercício de 2018, Francisco Lacerda respondeu com cautela. “Em relação à política futura, é limitado ao resultado do exercício como está escrito na apresentação. Em termos de dividendos futuros eu só digo o que está escrito, precisamente para não permitir interpretações”.

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