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Apple passa parte da produção da China para a Índia. O que está em causa?

Políticas zero-covid, com impacto nos stocks, e as tensões agudizadas pela invasão da Ucrânia contribuíram para esta decisão. A tecnológica norte-americana não é a primeira a transferir parte da sua produção para fora da China, naquela que tem sido uma tendência de várias empresas líderes de mercado.
26 Setembro 2022, 18h20

A Apple vai passar parte da produção de iPhones, que acontece na China, para fábricas na vizinha Índia. Este é mais um revés à economia chinesa e surge num encadeamento de acontecimentos que tiveram lugar ao longo de vários meses e que apontam para um enfraquecimento daquele país no que diz respeito ao sector da indústria tecnológica.

Mas o que está a acontecer, ao certo? Durante aproximadamente duas décadas, Apple e China estiveram ligadas de forma muito próxima, com a gigante tecnológica a fazer naquele país asiático grande parte do seu negócio. No entanto, as políticas ‘zero Covid’, colocadas em pratica pelo governo chinês, vieram causar roturas de ‘stock’ nas cadeias de produção daquele país, com a Apple a não conseguir fugir à regra.

A somar a isto, o clima de tensão causado pela situação geopolítica, nomeadamente pela guerra entre Rússia e Ucrânia, causou um adensar da pressão sobre a marca, que agora opta por transferir parte da sua produção para a Índia.

Esta segunda-feira, a Apple deu a conhecer a sua decisão de começar a produzir o seu mais recente modelo, o iPhone 14 (anunciado este mês), na Índia, que é o segundo maior produtor mundial de smartphones, somente atrás da China.

Para além das políticas de ‘zero Covid’ — que têm tido um forte impacto naquela que é a segunda maior economia do mundo, com os números oficiais a revelarem resultados económicos que ficaram perto de significar uma contração no segundo trimestre de 2022 — surgiu a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que gerou um clima de tensão, não apenas entre os dois países em conflito, mas também com a China e os EUA. O regime chinês é, aliás, visto como um dos maiores aliados do Kremlin.

Ora, se foram muitas as empresas que fugiram da Rússia, esta não é a primeira vez que a Apple retira da China parte da sua produção. Desde o início da invasão, aliás, a Apple não é a primeira a procurar alternativas àquele país. É que, anteriormente, a norte-americana já produzia iPads no Vietname (que faz fronteira a sul com a China), assim como a Google deu a conhecer os seus planos de construir parte dos seus novos telemóveis também no Vietname. A Microsoft retirou da China a produção das suas consolas, enquanto a Amazon está a produzir dispositivos na Índia, o que mostra bem o declínio da China no que respeito à produção de dispositivos tecnológicos, depois de durante muito tempo ter dominado este mercado. O cenário mudou muito entretanto e a tendência não dá sinais de abrandar.

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