Aprendizagem-Serviço: mais do que teoria, a prática

São três, os principais eixos desta abordagem: serviço comunitário, conexão curricular, reflexão. Um ciclo de teorias, práticas e ferramentas de reflexão que fomentam o pensamento crítico.

A Aprendizagem-Serviço (ApS) é uma metodologia de ensino baseada na aplicação de conhecimentos académicos a necessidades reais identificadas na comunidade (normalmente no âmbito de organizações sem fins lucrativos), que alia a oportunidade de o estudante aprofundar conteúdos curriculares em contexto aplicado com a consciencialização sobre o seu potencial impacto na sociedade e o desenvolvimento de um maior sentido de responsabilidade cívica.

São três, os principais eixos desta abordagem: serviço comunitário – conexão curricular – reflexão. Trata-se, assim, de um ciclo de teorias, práticas e ferramentas de reflexão que desenvolvem no estudante conhecimentos e competências de pensamento crítico para a mudança social.

A ApS surge formalmente em contexto universitário, nos Estados Unidos, em 1960, como um programa de estágio por meio do qual os estudantes obtinham créditos académicos e/ou remuneração financeira para trabalhar em projetos comunitários.

No entanto, passado meio século, a sua integração nos currículos académicos é ainda apresentada como uma proposta inovadora que integra o serviço à comunidade com a transmissão/aquisição de conhecimentos e valores, num contexto de compromisso renovado com práticas de sustentabilidade social e responsabilidade cívica por parte de faculdades e universidades.

É tentador confundir esta abordagem de ensino com iniciativas de voluntariado em contexto académico. Nada podia estar mais longe da verdade. A prática pedagógica da ApS refere-se a projetos que estão inseridos num enquadramento teórico/científico, com claros objetivos de aprendizagem, e que aliam a intervenção na comunidade com componentes reflexivas, diferenciando-se da prática de voluntariado por implicar que o envolvimento do estudante com a comunidade tenha o propósito de ampliar o domínio de conhecimentos curriculares além do que é possível através de um contexto de aprendizagem meramente académico.

Nesta metodologia, aprendizagem e serviço surgem ligadas por uma relação circular, em que a aprendizagem adquire sentido cívico e o serviço se converte numa forma potenciadora da aprendizagem. Por oposição a uma perspetiva de educação que busca simplesmente o sucesso individual e que entende a formação exclusivamente como preparação para competir no mercado laboral, a ApS constitui uma abordagem de desenvolvimento integrado de competências académicas, pessoais e de valores.

A adoção institucionalizada e a consolidação da metodologia ApS ao nível do ensino universitário, como uma prática inovadora e diferenciadora, constitui um contributo para a formação de profissionais que se querem comprometidos com o futuro, sensíveis às vulnerabilidades das suas comunidades e capazes de liderar mudanças.

Recomendadas

Uma homenagem

Quero destacar a visão de Rui Nabeiro pelo seu espírito empreendedor e capacidade de estar sempre na linha da frente e, acima de tudo, a visão de compreender a importância dos trabalhadores, características que marcam aquele que é um verdadeiro líder.

A operação de aquisição do Credit Suisse: um teste ao mecanismo da resolução

Faz sentido admitir ou mesmo incentivar que os bancos continuem a ser cada vez maiores, quando, aparentemente, quanto maiores são, seja a nível global, seja no mercado onde actuam, menos “resolúveis” se revelam?

Obrigado, Senhor empresário

Há muitos ‘comendadores Nabeiros’ por esse país fora e a todos um muito obrigado! Por criarem riqueza, por pagarem impostos (sobre o lucro), por criarem postos de trabalho, por trabalharem arriscando.
Comentários