Foi com todo o interesse que me juntei aos mais de 750 participantes que marcaram presença no II Congresso das Marcas que, sob a organização da Centromarca – muito bem liderada pelo Nuno Fernandes Thomaz – decorreu em Cascais no passado dia 1 de junho.
Desde há muito, sou da mesma opinião que o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel, no sentido de considerar que é indispensável haver uma maior ambição orientada para o aumento da presença de marcas portuguesas no mercado global. Aliás, o anúncio de uma convenção Marcas Por Portugal – O Desafio de Valorizar o País, que terá lugar em Lisboa a 6 de julho, demonstra por acréscimo que essa preocupação de valorização dentro e fora das nossas fronteiras é transversal aos empresários nos diferentes sectores.
Regressando ao congresso da Centromarca, entre os termos mais proferidos pelos oradores e participantes destacou-se a palavra disrupção.
Discutiu-se, como referiu Pedro Pimentel, “se os fundamentos da disrupção eram, afinal, um desastre pré-anunciado e como estão as marcas a ler o boletim meteorológico desta tempestade perfeita” e que conjuga uma alteração de paradigmas a vários níveis, desde o modelo dos transportes – com a Lidl, para citar apenas um exemplo, a criar uma frota própria de camiões – às alternativas obrigatórias que terão de existir face à dependência de cereais da Rússia e da Ucrânia para não abalar a cadeia alimentar na Europa, passando pelas forma de debelar a inflação face ao aumento dos preços para os consumidores e ainda pela cadeia logística, que se encontra seriamente comprometida devido, entre outros fatores, ao aumento brutal do preço dos combustíveis.
Registei com agrado as palavras da diretora-geral da Procter & Gamble em Portugal, Cláudia Lourenço: “Não escolhemos viver nesta disrupção, mas podemos escolher inventar novas maneiras de a viver”. Tal como Augusto Mateus referiu, “disrupção resolve-se com disrupção”, que é como quem diz com modelos de inovação adaptativos, flexíveis e de rápida implementação.
No caso de Portugal, como destacou o CEO da Sovena, Jorge de Mello, um dos exemplos dessa adaptação é a oportunidade surgida para promovermos as marcas nacionais de azeite numa altura de escassez de óleos no mercado e que leva os consumidores à procura de alternativas, mesmo alterando os seus hábitos alimentares.
Finalmente, outro tema de grande relevância abordado durante o congresso pelos responsáveis das marcas – e para o qual já tinha aqui alertado há diversas semanas nesta minha crónica – foi o de as circunstâncias vividas colocarem em risco o combate às alterações climáticas. É indispensável tudo fazer para evitar um adiamento nas medidas associadas à sustentabilidade das marcas e valorizar cada vez mais o compromisso ESG nas componentes ambiental, social e de boa governança.
Numa frase e como bem resumiu Pedro Pimentel, “o tempo não pode ser de hesitação e mera reação, mas sim de planificação e de ação”. E, nesse mesmo sentido, este congresso foi um ótimo passo em frente.

Os meus parabéns a Maria João Vaz, a estudante e investigadora em Sociologia na Universidade do Minho, vencedora ex-aequo do prémio de Melhor Artigo de Doutoramento (Best PhD Paper) a nível mundial. O seu trabalho, “Tourism and big data in a post‐covid‐19 world: the utopian and dystopian rhetoric” é pioneiro ao relacionar as preocupações éticas e sociais com a aplicação da big data ao setor turístico.