A mãe da menina de três anos que morreu depois de ter sido vítima de maus tratos foi hoje insultada no funeral da sua filha em Setúbal.
“Monstra”, “p**a”, “vaca” e “assassina” foram alguns das palavras ouvidas à saída do velório e depois no funeral e dirigidas a Inês Tomás, mãe de Jéssica Biscaia, segundo as imagens transmitidas por “CMTV”.
No funeral, a mãe permanece dentro a carrinha funerária, que estava cercada por dezenas de populares, na sua maioria mulheres, a gritarem insultos. A carrinha estava constantemente rodeada por agentes da PSP para garantir a segurança da mãe.
No final do funeral, os populares bateram várias vezes na carrinha à medida que esta saia do cemitério, com a chuva de insultos a continuar.
Este crime está a chocar a cidade sadina. A menina terá sido raptada e depois torturada ao longo de cinco dias, conforme revelam o “Correio da Manhã” e o “Jornal de Notícias”.
O rapto teve origem numa dívida de 400 euros. A mãe tinha contratado o serviço da suspeita com o nome de Tita, conhecida por ser “bruxa”, para fazer uma “amarração”, segundo o “CM”. Tita terá fugido para Leiria depois do crime, mas já foi presa pelas autoridades.
Como não pagou, Tita (52 anos), o seu marido (58) e a sua filha (27), decidiram manter a menina cativa na sua casa. Ao longo de cinco dias terá sido torturada violentamente. No final deste período, a mãe foi buscar a menina e levou-a para casa.
Ao final de seis horas em casa, e devido à menina ter sido alvo de violência física, a mãe decidiu chamar os serviços de emergência. Transportada para o hospital de São Bernardo, a criança foi sujeita a manobras de reanimação, mas não sobreviveu aos ferimentos, segundo a “Lusa”.
A avó paterna de Jéssica revelou que os sinais de maus tratos já seriam evidentes quando a mãe foi buscar a criança a casa da ama na segunda-feira.
Além de Jéssica, na casa também reside uma outra criança com dois anos, neta de Tita. Resta saber se terá assistido aos maus tratos, se foi vítima de violência e se será colocada sob algum tipo de proteção.
Resta também saber porque é que Inês Tomás não denunciou às autoridades o crime de rapto durante cinco dias. Aos mais próximos, disse que a sua filha estava ausente por estar numa colónia de férias.
A mãe e o padrasto da criança já foram ouvidos pela PJ, mas foram colocados em liberdade.
Inês Tomás é mãe de seis filhos, incluindo Jéssica. Dos seis, apenas esta criança estava a seu cargo, com as restantes a serem educadas pelos avós, pelo pai, num dos casos, e a mais velha vive numa instituição.
“Eu conheço-a há anos. nunca pensei que isto fosse acontecer. Ela disse-me, ‘olha como tens de arranjar trabalho, e o teu marido está no mar, eu fico com a tua menina. Não te preocupes que a menina está bem. Fica descansada’. E eu fiquei descansada, Ela também tem uma neta. Já a conhecia há anos. Eu nunca sonhei que ela ia fosse fazer isto à minha filha”, disse Inês Tomás à “CMTV” esta semana, replicando um diálogo entre si e Tita, uma das suspeitas do homicídio da menina de três anos.
Inês Tomás foi alvo de ameaças por parte de Tita e da sua família: “se fores à polícia ou ao hospital, matamos-te a ti e à tua família”, segundo a “CMTV”. Esta mensagem foi mostrada por Inês Tomás à Policia Judiciaria e foi enviada à mãe da menina na segunda-feira, dia em que a criança foi devolvida.