A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP) está preocupada com a evolução dos níveis de emigração e com as suas consequências na sociedade, na economia e no país, destacando os seguintes motivos: “a população emigrante apresenta uma forte preponderância de jovens em idade ativa, o que agrava o Inferno Demográfico que o nosso país vive e a falta mão de obra que é transversal à economia”.
A reação da associação é que a emigração qualificada tem aumentado a um ritmo maior do que a pouco qualificada, diminuindo a disponibilidade de jovens talentos com competências superiores e desperdiçando o enorme investimento do país na sua educação.
“A fuga desta população ativa representa uma redução da receita fiscal e do consumo, o que impacta a execução do Orçamento do Estado, a (in)sustentabilidade da segurança social e a dimensão do mercado interno”, alerta a associação liderada por Vasco de Mello.
Para a Associação Business Roundtable, os baixos salários – 42% inferiores à média da União Europeia -, a carga fiscal excessiva e o elevado custo de vida, em particular da habitação nos principais centros urbanos, impedem os jovens de alcançar a sua independência e prejudicam a atratividade do nosso país e motivam a sua saída.
Citando os números recentemente revelados pelo Observatório da Emigração, da emigração relativos a 2021, revelam que “a redução da emigração em 2020 não se deveu à maior confiança dos portugueses no nosso país, mas será muito provavelmente atribuível às restrições impostas pelos vários países relativamente à circulação de pessoas decorrentes das medidas de mitigação da pandemia Covid-19”.
Apesar de em 2021 ainda terem existido várias restrições à liberdade de movimentação de pessoas, o número de emigrantes portugueses regressou a níveis elevados muito mais próximos dos verificados nos períodos pré-pandemia. “Saíram do país mais 60 mil pessoas. Em 2019 foram 80 mil. Nos últimos dez anos a média foi de 90 mil pessoas por ano”, reforça a Associação Business Roundtable.
“Estes números refletem provavelmente apenas uma parte do número de portugueses que ficou indisponível para o mercado de trabalho português pois já não é preciso emigrar para sair de Portugal – a aceitação e adoção mais generalizada do trabalho remoto estará a mascarar as estatísticas de emigração”, conclui a organização.