A Europa deverá começar a preparar-se imediatamente para o fim do fornecimento de gás da Rússia no inverno, alertou o chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), citado pelo “The Guardian”.
Perante esse cenário, Fatih Birol lançou um apelo aos governos para unirem esforços para reduzirem a procura e manterem as centrais nucleares abertas.
Segundo Birol, as reduções nos fornecimentos nas últimas semanas para a região, a que o Kremlin atribui a trabalhos de manutenção, podem ser já o início de cortes mais amplos destinados a evitar o enchimento das instalações de armazenamento em preparação para o inverno.
“A Europa deve estar pronta caso o gás russo seja completamente cortado”, disse o economista turco numa entrevista ao Financial Times.
“Quanto mais perto estamos de chegar ao inverno, mais compreendemos as intenções da Rússia”, continuou.
Os países da UE estão numa corrida pelo reabastecimento dos locais de armazenamento; a Alemanha deverá atingir 90% da capacidade até novembro.
Desde a invasão russa da Ucrânia no final de fevereiro, os Estados-membros da UE têm apostado na redução da sua dependência dos combustíveis fósseis russos, através da aquisição de gás de outros países, incluindo os EUA, além de acelerarem a transição para as energias renováveis.
Na opinião de Birol, as medidas de emergência tomadas pelos governos do bloco europeu para reduzir a procura não foram suficientemente longe.
“Acredito que haverá mais e mais medidas de procura à medida que o inverno se aproxima”, disse, acrescentando que o fornecimento de gás pode precisar de ser racionado, no caso de a Federação Russa reduzir ainda mais as exportações de gás.
Nas últimas semanas, Moscovo reduziu ou interrompeu o fornecimento de gás a vários países da UE.
No domingo, a Alemanha anunciou a decisão de adotar medidas de urgência para garantir a segurança do abastecimento face à redução nas entregas de gás russo, nomeadamente reforçando a utilização das centrais a carvão para produção de eletricidade.
“Para reduzir o consumo de gás, tem de ser menos utilizado para a produção de eletricidade. Em alternativa, as centrais a carvão terão de ser mais usadas”, revelou o Ministério da Economia alemão em comunicado.