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Atlântico, mar do Norte e canal da Mancha são os novos alvos da EDP Renováveis

A EDP Renováveis está a desenvolver centrais eólicas marítimas em quatro países: Portugal, França, Escócia e Estados Unidos. O objetivo da empresa é ter os cinco projetos a produzirem eletricidade até 2022. A companhia revela que está a estudar concorrer a um novo leilão em França.
  • Cristina Bernardo
25 Janeiro 2019, 14h00

Tempestades marítimas com ondas de 17 metros e ventos de mais de 100 quilómetros por hora. E ainda assim conseguir produzir eletricidade no mar e enviar para terra.

Este teste agressivo durou cinco anos e foi superado pela versão inicial do Windfloat. Terminada a prova, o protótipo passou a uma central eólica marítima (offshore) com três turbinas e uma potência de 25 megawatts (MW). O projeto está a ser desenvolvido pela EDP Renováveis (EDPR) ao largo de Viana do Castelo e deve entrar em operação durante o segundo semestre deste ano. Este investimento de 125 milhões de euros tem capacidade para abastecer 60 mil casas no espaço de um ano.

Olhando para o futuro, a EDP Renováveis considera que as energias renováveis offshore, e onshore (em terra), têm espaço para crescer em Portugal nos próximos anos.

“O potencial de crescimento para o mercado offshore português é amplo, mas também é preciso ter em conta que Portugal tem um enorme recurso solar e eólico onshore. Por isso, existem grandes oportunidades de crescimento para estas tecnologias nos próximos anos”, diz fonte oficial da EDP Renováveis ao Jornal Económico.

Analisando especificamente a energia eólica marítima, a companhia de eletricidade verde acredita no seu potencial em Portugal.

“A energia eólica offshore será sem dúvida uma peça fundamental das energias renováveis nos próximos anos. É por isso que a EDP Renováveis está a trabalhar no ‘Windfloat Atlantic’, um projeto bandeira para o mercado renovável a nível mundial e em particular na Península Ibérica”, afirma a mesma fonte.

Até 2030, a eólica offshore em Portugal deverá crescer para uma potência instalada de 175 MW, segundo a estimativa mais otimista da Wind Europe.

O Windfloat distingue-se de muitos outros projetos offshore “pois será o primeiro parque eólico marítimo flutuante a utilizar plataformas semisubmerssíveis, ao largo da costa norte de Portugal. Este novo parque vai contribuir para o desenvolvimento, competitividade e estandardização dos parques eólicos marítimos em zonas onde o leito marítimo é demasiado profundo, como acontece em toda a Península Ibérica”, explica a companhia.

A central eólica flutuante é assim mais vantajosa face às centrais eólicas offshore tradicionais, que resultam bem em águas pouco profundas, como no mar do Norte, onde as turbinas são assentes no fundo do mar. Em águas mais profundas, como na costa portuguesa, é praticamente impossível instalar as turbinas tradicionais, daí a mais-valia do Windfloat, tecnologia que pode ser assim aplicada nos mares e oceanos de todo o mundo.

A “bordo” do Mayflower

O_“Mayflower” foi o navio que transportou em 1620 os peregrinos ingleses para o que hoje são os Estados Unidos da América. Chegados à região que ganhou o nome de Nova Inglaterra, os peregrinos formaram a primeira colónia britânica do outro lado do Atlântico: Plymouth.

Tal como então, a companhia portuguesa de energia verde também está a entrar nas águas do novo mundo “a bordo” do Mayflower. Esta central offshore vai ficar localizada na costa leste do país, ao largo do estado do Massachussetts. Dos cinco projetos offshore da companhia, este vai ter a maior potência instalada: 1.600 MW, que deverão entrar em operação em 2022, num projeto que está a ser desenvolvido em conjunto com a petrolífera Shell.

A EDP Renováveis já é uma das maiores produtoras de energia eólica onshore nos Estados Unidos. Com a central “Mayflower”, prepara-se para iniciar a sua aventura marítima norte-americana.

Quando a companhia venceu este leilão em dezembro de 2018, o presidente-executivo do grupo EDP destacou o peso do offshore no futuro da elétrica.

“A vitória neste leilão é mais um reforço do posicionamento da EDP naquilo que tem sido uma nova avenida de crescimento para o grupo: o offshore. Já com projetos em Portugal, França e Reino Unido, a EDPR entra agora no segmento de offshore no principal mercado de crescimento das renováveis, os EUA, onde a empresa é hoje um dos principais players em energia eólica onshore”, disse então António Mexia.

Modelo francês é exemplo a seguir

Presente no mercado eólico offshore em quatro países, a EDP Renováveis deixa elogios ao modelo de produção usado em França.

“Na produção de energia eólica offshore, o modelo francês é um dos mais eficientes e de maior sucesso, pois estabelece o preço a ser pago pela energia desde o início dos concursos, o que dá ao promotor maior conhecimento do investimentos e retornos que terá com aquele parque. Para além disso, também é bom para o consumidor, pois vai beneficiar de um preço da eletricidade mais ajustado”, afirma fonte oficial da EDPR.

A companhia liderada por João_Manso Neto está a desenvolver duas centrais eólicas offshore em França que devem entrar em operação em 2021. Ao largo de Nantes, está a construir a central de Noirmoutier, com uma capacidade de 496 MW. Ao largo da Normandia, está a desenvolver a central de Le Tréport, também com 496 MW.

A elétrica revela que está a olhar para o novo leilão que o Governo de Emmanuel Macron está a preparar.  “A EDP Renováveis está também a estudar a possibilidade de concorrer ao terceiro leilão de energia eólica marítima, que está a ser organizado pelo governo francês”, revela fonte oficial da EDPR.

Já do outro lado do canal da Mancha, a companhia está a de­senvolver a central eólica offshore de Moray East na costa leste da Escócia. Com uma potência de 950 MW, esta central deve entrar em operação em 2022.

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