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Novo Banco aponta que do universo de 70% de perdas 95% vieram do BES

“Não há novas operações, só há reestruturações de operações antigas”, disse António Ramalho. “Após a resolução e após a venda não existem problemas relevantes identificados na auditoria”, garantiu. A auditoria especial ao BES e ao Novo Banco revelou perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco e, segundo o Governo, o “relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” até 2014.
  • António Ramalho
2 Setembro 2020, 12h14

“Esta auditoria é sobre o que aconteceu não sobre o que vai acontecer”, disse hoje o presidente do Novo Banco, referindo-se às perdas apuradas pela Deloitte de mais de 4 mil milhões de euros em 283 operações até 2018. A maioria destas imparidades é de ativos herdados do BES (95% recebido em 4 de agosto de 2014). “Não há novas operações, só há reestruturações de operações antigas”, diz Ramalho.

“Após a resolução e após a venda não existem problemas relevantes identificados na auditoria”, garantiu, com o responsável a apontar que as perdas antes de 2014 são pequenas, porque foi o Novo Banco que acabou por ter de reconhecer as perdas dos ativos que vieram do BES.

Foram cerca de 70% da totalidade as perdas verificadas pela auditoria, logo a amplitude é elevada, revelou também António Ramalho.

O banco recebeu 75 mil milhões de euros de ativos do BES, e destes apenas 12,7 mil milhões  (brutos) – fixados em 2016 – estavam cobertos pelo Fundo de Resolução através do mecanismo de capital contingente. Valor esse que em termos líquidos somavam 7,9 mil milhões e para esses foi criado um mecanismo de cobertura de 3,89 mil milhões de euros.

O Novo Banco está a colaborar com o Banco de Portugal para elaborar uma informação que seja passível de ser distribuída publicamente sem prejudicar a recuperação de crédito, revelou o seu presidente executivo esta quarta-feira.

O CEO do banco disse ainda que colabora com o Ministério Público regularmente dada a circunstância de ser o herdeiro do legado do Banco Espírito Santo.

António Ramalho disse na conferência de imprensa que “vende ativos não porque quer, mas porque deve”. O CEO do Novo Banco fez uma longa exposição sobre a redução da carteira de NPL que em 2016 era de 33,34% do total da carteira para 11,8% em 2019 e “pela primeira vez este mês passou abaixo dos dois dígitos, ao ficar em 9,97%”, disse.

António Ramalho realçou que a venda de ativos, incluindo a venda do imobiliário, envolveu os melhores advisors, e que o banco organizou um processo competitivo e foi sujeito ao maior escrutínio.

O CEO explicou, sobre a venda de imóveis em bloco, a fundos, que o banco tem dois anos para vender os ativos, de acordo com as regras do BCE, e que, se o banco vendesse o imobiliário diretamente, imóvel a imóvel, demoraria 20 anos e não dois, ao ritmo de cinco imóveis por dia.

A dimensão do imobiliário no ativo era de 5,2% do total dos ativos e apenas 18% dela era residencial.

A auditoria especial ao BES e ao Novo Banco revelou perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco e, segundo o Governo, o “relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” até 2014.

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