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Austeridade é dolorosa, mas compensa, segundo o presidente do MEE

Klaus Regling deu o exemplo de Portugal como uma história de sucesso na implementação de reformas económicas durante a crise e o programa de ajuda externa.
14 Novembro 2017, 16h34

Apresentando-se como o “credor de último recurso” para os países da zona euro, o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) defendeu a importância das reformas estruturais depois da crise, num discurso esta terça-feira. Segundo Klaus Regling, Portugal, a Irlanda e a Grécia poderiam ter sido obrigados a abandonar a moeda única caso não tivessem recebido ajuda externa.

“Quando o Tratado de Maastricht foi assinado, as pessoas pensavam que seria impossível um país perder acesso aos mercados depois de entrar na união monetária, mas foi exatamente isso que aconteceu entre 2010 e 2012. Como consequência, havia um risco real de países como a Grécia, a Irlanda ou Portugal serem forçados a sair da zona euro”, disse Regling, numa palestra sobre ambição e realismo, na College of Europe, na Bélgica.

Desde 2011, o MEE e o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) financiaram cinco países, incluindo Portugal, num total de 273 mil milhões de euros. O presidente do MEE explicou que o financiamento para os programas de assistência provém da emissão de obrigações a investidores, com juros mais favoráveis que os países conseguiriam.

“Os nossos juros baixos significam poupanças orçamentais consideráveis para os países nos programas”, disse, referindo que os países pagam o mesmo que a instituição paga ao mercado. “No caso da Grécia, isto poupa ao país quase 10 mil milhões de euros por ano, ou 5,6% do seu PIB. São somas muito substanciais”.

No entanto, Regling sublinhou que para se qualificarem para este tipo de assistência, os países têm de se “comprometer com estritas reformas económicas” que resolvam os problemas nacionais. Estas, conhecidas como medidas de austeridade, incluem, segundo o presidente do MEE, redução dos défices orçamentais e aumento da competitividade com políticas de reduções salariais ou custos laborais.

“É desnecessário dizer que tais reformas são inicialmente dolorosas para a população”, afirmou Regling. “Baixar pensões ou salários e cortar programas governamentais de apoio nunca são, compreensivelmente, populares. Mas a longo prazo, os cidadãos beneficiam de resultados económicos mais robustos”.

“Dos cinco países que tiveram programas do Mecanismo Europeu de Estabilidade, quatro são agora histórias de sucesso. Irlanda, Espanha, Portugal e Chipre terminaram os programas e as suas economias estão bem”, acrescentou.

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