Falta democratizar oportunidades enfrentando as múltiplas camadas de desigualdade que assolam o país: desigualdade de rendimento, territoriais, de género, culturais, elitismos perpetuados.
O revanchismo da democracia contra a própria democracia empobrece-a. Este governo não devia ceder à pulsão revanchista que se prepara para assaltar a democracia.
A CGD entregou mais de meio milhar de milhões de euros ao Estado. Só isso pagava as pretensões de polícias e professores que, durante anos, protestaram com razões de sobra. A ironia amarga vira-se contra o próprio governo de António Costa.
O que fica é um governo de direita fraco, refém de acordos, assombrado por 48 deputados com o discurso anti-sistema. Os tempos são exigentes para governo e oposição. E esse deve ser um entendimento comum.
Se há justas reivindicações de muitos setores – médicos, professores, polícias, forças militares –, a negociação sempre taco a taco tem alcançado resultados. O problema de fundo é outro.
As linhas vermelhas estão a diluir-se. Vemos crescer a influência de um partido que não se reconhece na Constituição a ponto de podermos antever que a rasgaria se alcançasse poder suficiente para o fazer.