[weglot_switcher]

Baby Loop quer reduzir 80% da despesa das famílias com equipamentos de bebé

A ‘startup’ cujo negócio começou por ser a compra e venda de livros escolares usados investiu num novo mercado relacionado com a economia circular: o da puericultura. O objetivo é que os pais e mães possam comprar e vender berços, cadeiras e ovos, por exemplo, em segunda mão. Mas há mais “loops” a caminho na empresa Book in Loop, depois de o Governo ter estendido a gratuitidade dos manuais ao 12º ano.
23 Janeiro 2019, 07h25

Esta quarta-feira nasce oficialmente a Baby Loop, uma plataforma de economia circular que pretende dar uma nova vida aos equipamentos de puericultura pesada que pais e mães têm em casa e dos quais já não são precisam. O objetivo é que as famílias possam comprar e vender produtos de bebé em segunda mão, de forma a reutilizar cadeiras, ovos, alcofas, etc. também ajudar quem não consegue suportar os custos dos produtos por estrear. Por trás desta iniciativa estão os fundadores da Book in Loop, que já aplicavam esta estratégia nos manuais usados do 5º ao 12º ano.

“Estimamos que uma pessoa que compre um produto na Baby Loop e, depois de o usar, o volte a entregar, poupe 80% ou até mais nalguns casos. Não se destina apenas às pessoas com mais necessidades”, explicou ao Jornal Económico diretor-executivo da Book in Loop, Ricardo Morgado.

Assim, os pais e mães que tenham berços ou carrinhos de bebé a ganhar pó na arrecadação podem tentar reaproveitá-los e ganhar algum dinheiro. Os empreendedores responsáveis pelo projeto garantem que, no máximo, em 12 horas respondem com a primeira avaliação do produto (uma espécie de triagem na qual dizem se o vão aceitar ou não) e, caso obtenha ‘luz verde’, as famílias saberão automaticamente quanto irão receber. A seguir, podem entregá-los numa das 78 lojas do Continente aderentes ou escolher a opção de recolha ao domicílio. Esta última hipótese tem um custo de cinco euros, mas as primeiras 1.000 serão gratuitas se forem pagas com MB Way. Segue-se o controlo de qualidade, a limpeza, o tratamento antibacteriano e a fotografia profissional.

Quer Ricardo, quer Manuel Barata de Tovar, co-fundador da empresa, não têm filhos e não estão pessoalmente familiarizados com este mercado, mas aperceberam-se de que o framework da compra e venda de livros usados poderia funcionar noutra área – ainda que, inicialmente, tenham pensado no vestuário e na eletrónica. A ideia de negócio foi da apresentadora de televisão Carolina Patrocínio, que contactou os jovens de quem já tinha boas referências. Apenas 24 horas depois do lançamento do ‘website’, que ficou ‘online’ no passado dia 14 de janeiro, a Baby Loop recebeu 300 solicitações de potenciais vendas. Estamos em janeiro, “o mês da puericultura por excelência”, dizem.

“Estávamos longe de achar que a puericultura poderia ser o nosso próximo passo. Surgiu de uma necessidade que a Carolina Patrocínio sentiu. Tem várias filhas, de idades diferentes e o sótão cheio. Há equipamentos que têm uma definição etária muito fechada e passados seis meses ou um ano de utilização, apesar de estarem em boas condições, já não podem ser utilizados pela criança”, contou ao jornal Manuel Barata.

Dividido nas categorias “Passeio” “Auto[móvel]” e “Casa”, o catálogo da Baby Loop já tem mais de duas dezenas de marcas de puericultura. A apresentação oficial acontece esta tarde no restaurante Páteo Alfacinha, em Lisboa, com o lançamento da aplicação móvel para iOS e Android. O evento terá a participação do secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres.

Tenho uma banheira de bebé em bom estado que quer vender. O que faço?

  • Crie um perfil na Baby Loop e informe os profissionais da empresa
  • Envie duas fotografias
  • Terá uma resposta com o valor que irá receber (se o produto tiver o ‘sim’)
  • Entregue o produto numa Loja Continente aderente ou solicite recolha em casa

Uni Loop chega em fevereiro

Mas há mais “loops” a caminho na empresa. O Governo trocou-lhes as voltas e estendeu a gratuitidade dos manuais escolares ao ensino secundário no Orçamento do Estado para 2019, passando a incluir toda a escolaridade obrigatória e obrigando os empresários a repensar o negócio. “Vai ser um ano de desafios. Vamos ter de nos adaptar”, confessa Ricardo Morgado.

A Book in Loop garante que vê como “positiva” esta medida para reduzir os encargos das famílias, porém, alerta para a necessidade de as escolas estarem munidas de meios técnicos e humanos que possam assegurar a reutilização dos livros. “Aquilo a que chamamos a atenção é para as necessidades de meios que são necessários para fazer uma boa reutilização. A gratuitidade é muito importante mas tem de vir complementada com a reutilização, para ser sustentável para o Estado e ambientalmente responsável”, argumenta Manuel Barata.

Como os livros gratuitos ainda não chegaram às universidades, Ricardo e Manuel vão aplicar a mesma lógica aos manuais dos universitários já em fevereiro. A aplicação Uni Loop está pronta e o lançamento acontecerá na Universidade Nova. “É um projeto piloto e inicialmente só irá funcionar neste ambiente. A ideia é, depois, escalar para os outros polos universitários do país. Tem a ambição de ir mais longe e responder a outras necessidades dentro no ‘campus’, sempre na linha da sustentabilidade”. Isto é: a app tentará ajudar os estudantes com um orçamento limitado a poupar sem esquecer a responsabilidade social.

A ‘startup’, que nasceu em 2015 com ‘prata da casa’ (capital próprio), enquanto spin-off da Universidade de Coimbra, tem o seu escritório em Coimbra e conta, neste momento, com 18 profissionais. Criada por Manuel, João e José Pedro e incubada pelo Instituto Pedro Nunes e pela Startup Lisboa, a empresa é apoiada pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e a Associação de Empresas Familiares.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.