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Banca está preparada para dar a mão às empresas que estão no caminho da transição energética

Os principais bancos nacionais consideram que as empresas e famílias ainda têm um caminho por fazer em termos da transição energética, mas realçam que a implementação dos requisitos ESG deve ser inclusiva, tendo em consideração a dimensão social e da educação financeira.
13 Maio 2022, 12h51

Há empresas que vão ser capazes de fazer a transição energética, mas outras que não. Para aquelas que estão preparadas para dar este passo, os bancos nacionais garantem estar prontos a ajudar neste processo e a financiar a inovação do tecido empresarial. Relembram, contudo, que a implementação dos critérios ESG (ambiental, social e de governance) deve ser inclusiva, não se descurando a dimensão social e da educação financeira.

“A sustentabilidade passa muito pela capacidade de se crescer hoje sem se prejudicar o futuro”, começou por dizer Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal, no Fórum Banca, promovido pelo Jornal Económico e pela PwC, esta sexta-feira, num painel que reuniu os principais bancos. Para isso, referiu Miguel Maya, presidente do BCP, é preciso que cada banco tenha uma “estratégia clara”.

“Todos os bancos têm iniciativas para dentro de casa na área do ESG”, disse, por outro lado, Paulo Macedo, CEO da CGD. Mas há também medidas concretas viradas para os clientes. Algumas já estão à vista, nomeadamente a concessão de crédito para casas eficientes, numa altura em que a maioria das casas adquiridas através de crédito à habitação não são eficientes.

“Depois há a necessidade de os bancos ajudarem os seus clientes”, a quem são atribuídos um rating financeiro mas também de ESG. “O objetivo é ajudá-los fazer a transição” energética, referiu Paulo Macedo.

Mas nem todos vão conseguir dar este passo. Questionado se não há empresas que poderão ficar sem acesso ao financiamento por não cumprirem os requisitos de ESG, Miguel Maya disse que “vai haver empresas que ficam para trás, há pessoas que ficam para trás, como sempre”. De acordo com o CEO do BCP, este “não é um tema sectorial”, mas sim “um tema empresarial” e que é preciso “criar condições para que as empresas tenham capacidade para fazer a transição”.

Há, porém, outros temas que também são relevantes além da questão ambiental. “Falamos sempre em ambiental, mas há aqui um tema fundamental que é a educação e o social”, disse João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, dizendo “duvidar muito que a grande maioria da população aceite seja o que for se não tiver as suas necessidades básicas supridas”.

Para o responsável, é preciso perceber como é que a população, no seu todo, vai conseguir pagar a fatura da implementação dos requisitos. Uma posição que é partilhada por António Ramalho. “É bom que saibamos todos os custos sociais das decisões que vão ser implementadas para que o programa seja inclusivo”, disse o CEO do Novobanco, apelando a que “não se use a banca para ser uma estrutura de desenvolvimento de uma estratégia que não é desejável”.

Para isso, é preciso divulgar informação sobre este tema. No Crédito Agrícola, os responsáveis aperceberam-se que poucas eram as empresas que estavam a cumprir os princípios de ESG. Nesse sentido, disse Licínio Pina, presidente do Crédito Agrícola, decidiram “dar formação aos clientes”, fazendo “várias ações de formação para as empresas e outras para as empresas”.

“Todos temos consciência que [a implementação do ESG] nos próximos anos vai refletir-se em toda a sociedade”, seja por pressão dos reguladores, mas também por uma “pressão social”, que “deve ser repartida” em termos de custos, não deixando ninguém para trás, rematou António Ramalho.

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