O sector financeiro nacional conseguiu melhorar a sua rentabilidade e a qualidade dos ativos no ano passado. Apesar dos esforços de “limpeza”, a banca portuguesa ainda tem mais de 12 mil milhões de euros em crédito malparado.
“Em 2021, a rendibilidade do ativo (ROA) aumentou 0,41 pontos percentuais face a 2020, para 0,46%. A rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentou 4,9 pontos percentuais, para 5,4%”, refere o Banco de Portugal no relatório sobre o sistema bancário português.
De acordo com o regulador, a “evolução do ROA refletiu a diminuição das imparidades para crédito e, em menor grau, o aumento dos resultados com operações financeiras”. Também o custo de risco de crédito diminuiu 0,68 pontos percentuais, para 0,33% em 2021, enquanto o “rácio cost-to-income manteve a tendência de redução iniciada em 2019, situando-se, em 2021, em 53,4% (-4,4 pontos percentuais face a 2020)”. Para esta redução “contribuiu sobretudo o aumento do produto bancário e, em menor grau, a redução dos custos operacionais”, refere.
Ao mesmo tempo que melhoraram a rentabilidade, os bancos portugueses continuaram a reduzir o peso do crédito malparado. O rácio de empréstimos não produtivos bruto (NPL) diminuiu de 4,9%, em 2020, para 3,6% em 2021, mostram os dados do Banco de Portugal.
Os rácios de NPL brutos das sociedades não financeiras e dos particulares fixaram-se em 8,1% (-0,3 pontos percentuais) e 2,8% (-0,2 pontos percentuais), perante a redução do crédito malparado.
Ainda assim, as instituições financeiras ainda têm trabalho a fazer. Segundo o relatório sobre o sistema bancário português, o sector ainda tinha perto de 12 mil milhões de euros em crédito malparado no final do ano passado. Isto compara com os cerca de 14,4 mil milhões de euros que tinha no final de 2020.
Os bancos têm vindo a vender carteiras para se libertarem do peso do malparado. No final do ano passado, o Novobanco fechou a venda das operações Harvey e Orion. Também o Banco Montepio alienou uma carteira de 253 milhões de euros de créditos não produtivos.