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Bancários marcam protesto para 13 de julho contra despedimentos

Sindicatos dos bancários anunciam manifestação, na próxima semana, à frente da Assembleia da República contra despedimentos. Entre 2009 e 2019, os bancos que operam em Portugal reduziram quase 13 mil trabalhadores. Sindicatos alertam que só em 2020, foram cortados 1.200 postos de trabalho apenas nos cinco principais bancos, estando na calha uma nova vaga de despedimentos no Santander Totta e no BCP.
5 Julho 2021, 18h16

Os sindicatos dos bancários anunciam manifestação contra despedimentos, tendo marcado a ação de protesto para 13 de julho à frente da Assembleia da República que servirá para “transmitir uma mensagem de indignação às instituições financeiras e governativas” contra o “massacre” dos trabalhadores do setor que continua a prosseguir planos de reestruturação para reduzir postos de trabalho, revelou ao Jornal Económico António Fonseca, presidente do Mais Sindicato (denominado antes de SBSI, Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas).

“A nossa primeira bandeira é a degradação dos postos de trabalho nos últimos anos com muita incidência no ano passado, ano de pandemia. Já para este ano o Santander Totta comunicou aos trabalhadores um plano de reestruturação que prevê a saída de 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo, tendo já reduzido 450 postos de trabalho no primeiro semestre. Também o BCP implementou um plano de redução entre 800 a 1.000 trabalhadores. E não vamos ficar por aqui, pelo que faz todo o sentido esta união dos bancários em defesa daquilo que designo de raça dos bancários que querem acabar”, afirmou ao Jornal Económico António Fonseca, líder do Mais Sindicato, um dos sete sindicatos dos bancários que exigiram no final da semana passada, em comunicado, o fim dos despedimentos na banca que só em 2020, em pleno ano de pandemia, representou o corte de 1.200 posto de trabalho.

O comunicado é subscrito pelo Mais Sindicato, Sindicato de Bancários do Norte, Sindicato dos Bancários do Centro (estes três sindicatos são ligados à UGT), Sindicato Independente da Banca, Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários e Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos (estes três sindicatos são independentes) e Sintaf (ligado à CGTP). A manifestação servirá para “transmitir uma mensagem de indignação às instituições financeiras e governativas”.

Os sete sindicatos dos bancários anunciaram uma manifestação, cuja data foi agora marcada para 13 de julho, contra o “massacre” dos trabalhadores do setor, tendo, em comunicado conjunto, reclamando a “suspensão imediata dos programas de redução de trabalhadores” e mostrando a sua “firme oposição quanto ao injustificado e desnecessário processo massivo de destruição de postos de trabalho”.

Segundo estas estruturas, milhares de trabalhadores bancários estão a ser confrontados com propostas de rescisão por mútuo acordo (sobretudo) e reformas antecipadas. Ao mesmo tempo, dizem, fazem a “comunicação antecipada da implementação de medidas unilaterais, vulgo despedimentos coletivos”, com o objetivo de criarem “pânico e temor generalizado nos bancários de forma a que desistam de lutar pelos seus direitos”.

Segundo as séries longas do Banco de Portugal, entre 2009 e 2019, os bancos que operam em Portugal reduziram quase 13 mil trabalhadores. Já em 2020, apenas nos cinco principais bancos que operam em Portugal (CGD, BCP, Novo Banco, Santander Totta, BPI), foram cortados 1.200 postos de trabalho.

Nova vaga de redução de postos de trabalho na banca

Os sindicatos relembram que o setor bancário português é dos mais eficientes da Europa e exigem a “suspensão imediata dos programas de redução de trabalhadores” e a “substituição das rescisões por mútuo acordo por reformas antecipadas” com uma “especial consideração nas situações de vulnerabilidade social”.

Pretendem ainda que “sejam consideradas todas as hipóteses de reconversão profissional” e que passem a ser realizadas por bancários “todas as atividades realizadas em regime de ‘outsourcing’ ou de trabalho temporário”.

No comunicado, pedem ainda uma reunião ao primeiro-ministro, António Costa, para apresentar as reivindicações, pretendendo ainda sensibilizar o chefe do Governo “para a contínua e acelerada erosão da classe média que afeta diretamente os mais de 60.000 bancários e suas famílias, conduzindo à evidente degradação das condições sociais e para o incremento da pobreza”.

Corte de 685 postos de trabalho no Santander

Na quarta-feira da semana passada, o Santander Totta comunicou aos trabalhadores um plano de reestruturação que prevê a saída de 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego). Já o BCP implementou desde 16 de junho um plano de redução de trabalhadores, através de reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo (também aqui quem sair em rescisão por acordo não acede a subsídio de desemprego).

Caso não saiam por acordo o número que consideram adequado, ambos os bancos ameaçam avançar para despedimentos.

Também o BCP quer dispensar entre 800 e 1.000 trabalhadores e o banco Montepio tem um “plano alargado” de saída de trabalhadores, através de reformas antecipadas e de rescisões de contratos de trabalho (neste banco acedem a subsídio de desemprego, pois obteve do Governo o estatuto de empresa em reestruturação), para reduzir entre 600 a 900 funcionários.

No Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos e BPI, continuam também os processos de saídas de trabalhadores mas sem despedimento coletivo anunciado.

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