[weglot_switcher]

Banco de Fomento apresenta contas de 2020 até final de junho, revela presidente executiva

A CEO do Banco Português de Fomento explicou que vão ser apresentadas em breve as contas do banco e dos diversos fundos que estão debaixo da instituição (são dez) – ou seja, até ao fim do mês.
2 Junho 2021, 13h51

A Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, requerida pelo CDS-PP, recebeu a audição da presidente do Conselho de Administração do Banco Português de Fomento (BPF), Beatriz Freitas.

O Banco de Fomento privilegiará instrumentos de quase capital em detrimento dos instrumentos de capital direto, disse a CEO.

Existe uma fatia grande do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), na parte que são instrumentos de capital, que vai estar sob gestão do Banco de Fomento. mas a presidente da instituição diz que “não estão definidas ainda essas medidas”, no entanto “estão a ser trabalhadas”. “Há uma preponderância por aquilo que são chamados instrumentos de quase capital e não de capital direto”, disse Beatriz Freitas.

Todas as medidas no que se refere a capital, quer direto, quer indireto, estão ainda em cima da mesa, explicou.

“Estamos a trabalhar em instrumentos de capitalização, e são aqueles que estão previstos no PRR. Mas o plano ainda não está aprovado por Bruxelas e está em discussão com o Governo sobre o formato”, disse ainda.

O Banco Português de Fomento, após a fusão, “já colocou vários produtos no mercado e para toda a tipologia de empresas, mais na área de garantias, dado o momento atual”, disse a presidente do banco, que lembrou que foi lançada uma linha para empresas exportadoras e uma linha para micro e pequenas empresas. Linha esta que teve sucesso e que foi esgotada porque foi de encontro às necessidades de liquidez das empresas, explicou.

A líder da entidade diz que vai reforçar os instrumentos de capital que vêm da PME Investimentos e da IFD, que tiveram sucesso, “como é o caso do Fundo 200M e dos Portugal Tech e Portugal Growth, que resultam de uma parceria com o Fundo Europeu de Investimento (FEI)”. “Temos intenção de solicitar o seu reforço”, revelou.

Banco apresenta contas até ao fim deste mês

O deputado do PSD Duarte Marques perguntou porque é que o Banco Português de Fomento ainda não apresentou as suas contas e a CEO do banco explicou que vão ser apresentadas em breve, tanto as contas do banco como as dos diversos fundos que estão debaixo da instituição (dez) – ou seja, até ao fim do mês. Este é o primeiro ano que o banco vai apresentar contas e Beatriz Freitas explicou que o BPF vai apresentar contas consolidadas com as duas sociedades em que agora o banco participa (com a maioria do capital) e ainda vai apresentar contas individuais.

No final de 2020, o BPF tinha dez fundos sob gestão, num montante global de 3.811 milhões de euros, correspondente a 2.010 milhões de euros de capital realizado e 1.801 milhões de euros relativos ao valor das garantias de 3.º Grau contratualizadas no Fundo de Contragarantia Mútuo (FCGM).

O tempo de apresentação de contas foi alargado para todas as empresas portuguesas, lembrou a gestora.

Em relação às perdas estimadas com as linhas de garantias, que foram lançadas no ano 2020, Beatriz Freitas explicou que “há uma confusão entre o que é solicitado para financiamento do Fundo de Contragarantia quando se lança uma linha de crédito com garantia e aquilo que será a perda estimada dessa linha. Nós não estimamos perdas de 16% com as linhas de crédito que foram lançadas. Estimamos bastante menos e essa estimativa vai sendo acompanhada ao longo do tempo”, disse a CEO do BPF. As imparidades ligadas a estas linhas vão ser acompanhadas, explicou.

“As nossas matrizes de risco têm incorporadas questões relativas à digitalização e inovação”, revelou a gestora, que reconheceu a dificuldade de calcular a mais-valia de um projeto desta natureza para o futuro das empresas.

“Estamos convictos de que a questão das moratórias vai efetivamente pôr-se nos sectores mais afetados (turismo) e estamos a trabalhar com o Governo em medidas, que não estão definidas, que permitam às empresas destes sectores fazer face ao fim das moratórias no mês de setembro”, revelou a gestora, que lembrou que o sistema bancário tem de cumprir os regulamentos da EBA (Autoridade Bancária Europeia).

“Dentro de pouco tempo estaremos a estabilizar um entendimento que possa permitir ao ministro da Economia anunciar aquilo que serão as medidas para estes sectores mais afetados relativamente ao termo das moratórias”, revelou Beatriz Freitas.

A entidade que resulta da fusão da Instituição Financeira de Desenvolvimento e da PME Investimentos na SPGM tem 125 colaboradores e “está a desenvolver canais digitais para ter maior proximidade com as empresas portuguesas”, explicou a gestora, que admitiu que a entidade tem de reforçar o quadro de pessoal para desempenhar as funções que o banco terá de abraçar.

“Nós temos estado a trabalhar para fortalecer a instituição e para a preparar para o futuro”, disse a presidente da instituição financeira estatal que foi criada com missão de “promover a modernização das empresas e o desenvolvimento económico e social do país”. Recorde-se que o banco arrancou com um capital social de 255 milhões de euros. “Um banco promocional é um banco que está ao lado das políticas públicas para as promover”, disse a CEO.

O BPF atua em “falhas de mercado” de financiamento (dívida e instrumentos de capital), disse a gestora que admitiu também na mesma audição contar com o sistema financeiro “para estar ao lado do Banco de Fomento na sua missão”.

O Banco de Fomento tem trabalhado com as regiões autónomas e está presente nos Açores e Madeira. “Neste momento já temos instrumentos de capital dedicados a cada uma das regiões autónomas”, referiu ainda a gestora.

O processo de nomeação da administração do Banco de Fomento “está a decorrer” e aguarda a autorização do supervisor, lembrou também.

A estrutura do Banco Português de Fomento conta com nove administradores, dos quais quatro são executivos. Apesar de os nomes que compõem a lista executiva já terem sido entregues ao Banco de Portugal, para avaliar se reúnem as condições e as competências para desempenhar o cargo, não foi ainda pedido qualquer parecer à Cresap, segundo o jornal “Eco”.

Além de Beatriz Freitas, a administração executiva do BPF integra Rui Dias, que esteve na direção financeira e de estruturação da Caixa BI, como Chief Financial Officer (CFO); Susana Antunes, que era financial controller no Banco Santander Totta, e que será a responsável pelo risco; e ainda Tiago Simões de Almeida, responsável de Operações no BPI, que terá o pelouro de administrador comercial no banco de fomento.

Por outro lado, a equipa não executiva será composta por cinco administradores e é liderada por Vítor Fernandes, um dos administradores que saiu no ano passado da administração do Novo Banco e que foi recentemente anunciado como Chairman da SIBS (vai acumular os dois cargos).

Na administração não executiva está ainda Carlos Epifânio, que foi diretor do departamento de Empresas do Norte do Banco Espírito Santo (BES); António Gonçalves, sócio da António Belém & António Gonçalves, e que foi membro de diversos conselhos fiscais do Banco Best e outras entidades do Grupo Novo Banco, assim como da Imofundos, vai presidir à comissão de auditoria; Luísa Anacoreta, que estava como administradora não executiva dos CTT e como presidente da comissão de auditoria dos Correios, é também administradora do BPF. O board conta ainda com Maria do Carmo Ribeiro, que era vogal da sociedade de investimento imobiliário de capital fixo Monumental Residence e da Multi24, ambas do BCP.

O Banco de Fomento tem previsto uma estrutura de 24 diretores.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.