O Banco de Inglaterra (BdI) manifestou-se hoje disponível para analisar as práticas do HSBC, cujo diretor-geral reconheceu, por sua parte, que o banco, acusado de favorecer a evasão fiscal, nem sempre esteve “à altura”.
Em declarações à rádio BBC 4, o governador adjunto do BdI com o pelouro da estabilidade financeira, Jon Cunliffe, disse: “Penso que as alegações sobre o HSBC levantam graves questões sobre a sua conduta”, referindo-se às acusações feitas ao Hongkong and Shanghai Banking Corporation (HSBC).
“Esperava-se que a administração, a direção de uma grande empresa fosse capaz de assegurar que esta tinha a cultura e as operações para gerir este género de riscos. Isto é claramente uma coisa que pode ser da nossa responsabilidade”, concluiu.
O banco central do Reino Unido tem entre as suas responsabilidades a supervisão do sistema bancário, através da Autoridade de Regulação Prudencial, que depende de si.
O HSBC está, desde segunda-feira, no centro de um vasto escândalo financeiro, em resultado de uma investigação internacional feita por vários meios de comunicação, que o acusam de ter feito passar cerca de 180 mil milhões de euros de clientes ricos, entre novembro de 2006 e março de 2007, por contas na sua filial suíça, para permitir que fugissem ao fisco nos seus respetivos países.
No início da semana, o banco admitiu “falhas”, mas garantiu que essas práticas pertencem ao passado.
O diretor-geral do HSBC, Stuart Gulliver, por seu turno, dirigiu hoje uma mensagem aos empregados do banco, no qual reconhece que a empresa nem sempre esteve “à altura” das situações.
“Partilho a vossa frustração sobre o facto de as pessoas verem com dificuldade os nossos esforços para corrigir a situação, devido ao foco dos meios de comunicação nos acontecimentos do passado”, escreveu Gulliver, no texto consultado pela agência noticiosa AFP.
“Mas temos de reconhecer que por vezes falhámos em estar à altura dos padrões que as sociedades nas quais trabalhamos esperam de nós, com razão”, acrescentou.
Especificou ainda que 106 dos 140 clientes conhecidos citados na imprensa já não são clientes do banco, alguns dos quais já não o eram quando um agora antigo empregado do HSBC, o informático franco-italiano Hervé Falciani, se apropriou da informação bancária em 2007.
Stuart Gulliver, que deve comparecer no parlamento britânico para dar explicações sobre o assunto, tal como o presidente do conglomerado financeiro, Douglas Flint, saudou “a oportunidade de explicar tudo o que fizemos para construir o HSBC para o qual todos nós queremos trabalhar”.
OJE/Lusa