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Banco do Japão mantém política inalterada, mas uma voz divergente poderá mudar o debate

O banco central japonês não surpreendeu e a política monetária não sofreu alterações, mas o novo membro do ‘board’ alertou que as medidas em vigor poderão não ser suficientes para atingir a meta de colocar a inflação nos 2%.
21 Setembro 2017, 09h28

As decisões do conselho de política do Banco de Japão sobre as taxas de juro e o programa de compra de ativos foram as esperadas de forma unânime pelos analistas, mas a reunião forneceu, ainda assim, uma surpresa. O banco central manteve a taxa de juro de referência em -0,1% e anunciou que vai continuar a comprar obrigações do tesouro japonesas ao ritmo atual que visa aumentar o stock detido em 80 biliões de ienes por ano (cerca de 595 mil milhões de euros), com o objetivo de manter a yield da dívida do país a 10 anos em perto de 0%.

A surpresa estava, no entanto, numa nota de rodapé do comunicado.  Oito dos nove decisores do conselho liderado pelo governador Haruhiko Kuroda votaram a favor da decisão, mas o membro que se estreou nesse board discordou e soou um alarme.

“Goushi Kataoka divergiu e considerou que, dado existir capacidade oferta excessiva no stock de capital e no mercado de trabalho, os efeitos dos estímulos monetários resultantes da atual curva de yields não são suficientes para a meta de inflação em 2% ser atingida perto do ano fiscal de 2019″, referiu o banco central. O Indíce de Preços no Consumidor está atualmente nos 0,5%.

Numa altura em que a Reserva Federal dos Estados Unidos está a avançar com a normalização da política monetária e o Banco Central Europeu prestes a anunciar alteração no programa de compra de ativos,  o Banco do Japão deverá manter os estímulos inalterados pelo menos até ao fim do mandato de  Kuroda em abril. Com a inflação longe da meta, a perspetiva de qualquer remoção dos estímulos tem vindo a enfraquecer. A intervenção de Kataoka poderá, no entanto, vir a animar o debate, com a sugestão que o banco central precisa de ajustar os estímulos para atingir a meta mais rapidamente e só depois disso pensar numa normalização.

“Kataoka está sozinho por enquanto e não propôs novos estímulos, a questão é se outros membros do board poderão mudar de lado”, disse Hiroshi Miyazaki, economista sénior na Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities, à Reuters. “Kataoka expressou dúvidas sobre os efeitos da política e isso poderá provocar mais debate sobre como a curva de yields é controlada e levar a alguns ajuste ligeiros ou discussões sobre mais estímulos via outros canais”.

 

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