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Banco Popular da China reduz taxas de juros para novos mínimos históricos

O banco central garantiu que a decisão visa “manter uma liquidez razoável e suficiente no sistema bancário”, e que as operações anunciadas “satisfazem plenamente as necessidades das instituições financeiras”.
15 Agosto 2022, 14h37

O Banco Popular da China (banco central) reduziu esta segunda-feira as taxas de juro, pela primeira vez desde janeiro passado, para mínimos históricos, face ao abrandamento da economia, suscitado pela política de ‘zero casos’ de Covid-19.

Em comunicado, a instituição confirmou a redução em dez pontos base das linhas de crédito de médio prazo (MLF) para um ano e dos acordos de recompra reversos (“repos”) para sete dias, colocando ambas as taxas em novos mínimos históricos.

A injeção de liquidez ascende a 400 mil milhões de yuans (57.761 milhões de euros) via MLF, por um ano, com juros de 2,75%, e outros dois mil milhões de yuans (289 milhões de euros), através de “repos” em sete dias, com juros de 2%.

O banco central garantiu que a decisão visa “manter uma liquidez razoável e suficiente no sistema bancário”, e que as operações anunciadas “satisfazem plenamente as necessidades das instituições financeiras”.

As “repos” são usadas pelo banco central da China para injetar liquidez de curto prazo no sistema bancário, enquanto as MLF são a sua principal ferramenta para financiar os bancos, e também servem de guia para as taxas de juros referenciais, denominadas LPR (taxa de referência para créditos).

Julian Evans-Pritchard, analista da consultora britânica Capital Economics, considerou que a redução das taxas de juros de hoje é uma “surpresa”, já que a maioria dos especialistas previu que Pequim as manteria intactas.

Nos últimos meses, o Banco Popular da China manteve a relutância em reduzir as taxas, apesar do abrandamento económico causado pelos confinamentos e outras medidas de prevenção epidémica altamente restritivas, no âmbito da política de ‘zero casos’ de Covid-19.

A recusa do banco central deveu-se a temores de riscos de dívida, maior pressão negativa sobre o yuan e aumento do índice de preços ao consumidor, diz a Capital Economics, que acredita que essa reviravolta se deve à “fraca inércia” dos indicadores económicos para julho e à desaceleração do crescimento do crédito.

Evans-Pritchard esclareceu que os cortes anunciados hoje não implicarão uma mudança notável nas condições de liquidez porque as taxas interbancárias já estão abaixo das do Banco Popular da China, pelo que as entidades não apresentam grande procura de financiamento junto do banco central.

O especialista antecipou uma redução da LPR – a próxima atualização está prevista para a próxima segunda-feira, 22 de agosto -, que vai baixar os juros dos empréstimos existentes e o preço dos novos créditos, aliviando assim parte da pressão das empresas mais endividadas.

No entanto, na sua opinião, os cortes nas taxas de juro podem não ser suficientes para relançar a recuperação do crédito, uma vez que a fragilidade atual é “parcialmente estrutural”, derivada da “perda de confiança no mercado imobiliário e da incerteza provocada pelas constantes perturbações causadas pela estratégia ‘covid zero’ da China”.

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