O Grupo Santander avançou com a simplificação da sua estrutura com a criação de unidade global de banca de retalho.

Ana Botín irá reorganizar a estrutura do Banco Santander em cinco áreas de negócio globais. Isto implica a consolidação dos negócios de banca de retalho, comercial e de consumo, em todos os mercados em que opera, sob duas novas áreas globais (Retail & Commercial e Digital Consumer Bank).

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O banco explicou esta segunda-feira, num comunicado à CNMV, que a alteração efetuada, nas referidas áreas, alinha estes negócios com o atual modelo de Corporate & Investment Banking, Wealth Management & Insurance e Payments do banco.

A alteração, na sua estrutura empresarial, passa pela união das operações de banca de retalho e comercial, em diversos países, debaixo de uma unidade global que será liderada por Daniel Barriuso, e que será a área de Retail & Commercial, enquanto a área de digital banking reunirá todos os negócios de financiamento ao consumo no mundo e será liderada por José Luis de Mora.

Será também criada uma nova área para a banca online, que será liderada por Jose Luis de Mora.

O objetivo da reestruturação passa por simplificar a estrutura do banco, o que pode implicar corte de postos de trabalho, e colocar o banco no caminho certo para atingir as metas de rentabilidade.

O Santander anunciou assim que irá realinhar as suas atividades, passando de um modelo de reporte, país a país, para cinco áreas de negócio globais: Retalho e Comercial; Banco Digital de Consumo; Pagamentos; Banca de Empresas e Investimento; e Gestão de Património e Seguros.

A empresa indica que esta reorganização para um modelo  global apoiará seus objetivos estratégicos, descritos no Dia do Investidor, que ocorreu em fevereiro deste ano, incluindo o de atingir um ROTE de 15% a 17%, alcançando um crescimento médio anual de dois dígitos em Tangible Net Asset Value por ação (valor contabilístico tangível por ação), acrescido do dividendo por ação ao longo do ciclo, bem como do aumento do número de clientes em 40 milhões até 2025.

A presidente do Banco Santander, Ana Botín, afirmou que este é “um passo decisivo para alinhar o modelo operacional das áreas de banca de retalho, comercial e de consumo” com a estratégia do banco e acrescentou que “esta mudança permitirá ao Santander cumprir os objectivos que estabeleceu no Dia do Investidor deste ano.

De acordo com a nova estrutura, cada responsável pela área de negócio global definirá um modelo comum de negócio e de funcionamento. Mas, embora a estratégia se baseie em plataformas globais, os executivos de cada país continuam a ser responsáveis pela gestão dos negócios a nível local.

Na área de Pagamentos, haverá o PagoNxt, liderado por Javier San Félix, e o Global Cards, com Matías Sánchez à frente, enquanto a banca de investimento e de empresas já é um negócio global e é liderada por José María Linares, bem como a gestão de patrimónios e os seguros, com Víctor Matarranz à frente.

Os responsáveis globais definirão o modelo operacional e de negócio comum, que se baseará em plataformas globais, enquanto os gestores nacionais continuarão a gerir a atividade.

Os gestores regionais conduzirão a implementação do modelo e a convergência em todos os mercados.

A nova estrutura de reporte de cinco divisões entrará em vigor a partir de janeiro de 2024, enquanto o Grupo continuará a reportar todos os dados específicos de cada país e região como segmentos secundários.

Os cinco negócios globais passarão a ser os segmentos principais do grupo e para facilitar as comparações e a análise ano a ano, o banco informou que publicará informações adaptadas aos novos segmentos, antes do anúncio dos resultados de 2023, previsto para 31 de janeiro de 2024.

Goldman Sachs atribui 5,40 euros de price-target e recomendação de compra

O banco norte-americano Goldman Sachs comentou a nova estrutura do Santander. “Observamos que a nova estratégia pode melhorar as sinergias globais e contribuir para uma estratégia integrada, dada a liderança global unificada de cada segmento de negócio”, dizem os analistas do Goldman Sachs.

“No entanto, a mudança do relatório país por país para um modelo de relatório secundário em vez de primário pode reduzir a visibilidade das previsões, dada a diversidade da carteira geográfica do Santander, onde diferentes países enfrentam frequentemente problemas distintos (e muitas vezes contrastantes) e diferentes ambientes operacionais. Além disso, consideramos esta mudança como inesperada, ocorrendo relativamente pouco depois de um plano estratégico plurianual ter sido anunciado em Fevereiro sob o antigo modelo de relatório”, referem os analistas.

O Santander reitera suas metas para o Dia do Investidor, incluindo: ROTE de 15% a 17% em 2023-25, um Cost-to-Income de 42% até 2025, um rácio de capital CET1 (fully loaded) acima de 12% e a obtenção de um crescimento médio anual de dois dígitos na soma do valor contabilístico tangível por ação (TNAV), mais o dividendo por ação ao longo do ciclo, bem como o aumento do número de clientes em 40 milhões até 2025.

Além disso, o Santander indica que está no bom caminho para atingir os seus objectivos para 2023, incluindo um ROTE acima de 15%, um rácio de eficiência entre os 44% e os 45%, um rácio de capital CET1 acima de 12%, um Custo do Risco (CoR) abaixo de 1,2% e um crescimento de dois dígitos das receitas.

“Esta reiteração do objetivo da rentabilidade tangível (ROTE) para 2023 implica ganhos de cerca de 4% acima do consenso compilado pela empresa”, refere o Goldman Sachs.

“Avaliámos o Santander com base numa metodologia de avaliação que calcula o P/TBV (price to tangible equity versus o ROTE/custo de capital próprio (COE), aplicada 50:50 às estimativas para 2024/25, para chegar a um preço-alvo a 12 meses de 5,70 euros. A nossa recomendação é de Compra”.

Acrescenta ainda que “os riscos para a nossa classificação incluem um crescimento mais lento e taxas mais baixas, que podem contribuir para uma melhoria mais lenta da taxa de margem financeira (NIM) nas actividades de crédito e, portanto, uma melhoria mais lenta dos lucros. Mas também a inflação de custos e subida dos custos de crédito num contexto de pressões inflacionistas e riscos cambiais (o Santander está ativo em vários mercados, especialmente na América Latina; como resultado, qualquer depreciação material nestas moedas representa um risco para o desempenho dos lucros em euros)”, dizem os analistas do Goldman Sachs.

Em Portugal o CEO do Santander, que passa este mês a ser também o responsável pelo Santander na Europa, disse que, “até 2025, o ‘gap’ salarial entre homens e mulheres no Santander será de 0%”,  isto em entrevista ao podcast do Expresso.

Pedro Castro e Almeida, responsável pela região da Europa do Grupo Santander, pretende ainda que “o banco seja uma referência no mercado de trabalho em termos de inclusão”. Enquanto líder, confessa que os temas da sustentabilidade, o levam a refletir quase diariamente.