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Barragens no Douro Superior asseguram caudais “que estado Espanhol não consegue”

O presidente da Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS) defendeu hoje a importância das barragens do Baixo Sabor e de Foz Tua na regulação dos caudais da Via Navegável do Douro (VND), quando há dependência de Espanha.
28 Setembro 2022, 19h04

“Mais uma vez, será este território do interior português que vai assegurar o que o Estado espanhol não consegue, que é a manutenção dos caudais do rio Douro, ao abrigo do Pacto de Albufeira. E vai resolver o problema com duas infraestruturas [barragens do Baixo Sabor e Foz Tua], que estão nesta região. É só para refletirmos”, vincou hoje o autarca social-democrata.

Espanha e Portugal acordaram reduzir esta semana as descargas de água de barragens espanholas da bacia do Douro, assumindo a impossibilidade de cumprimento dos caudais mínimos acordados.

O Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol (MITECO) disse hoje à Lusa que Espanha diminuiu “de comum acordo com Portugal” as descargas de água de barragens hidroelétricas para o caudal do rio Douro previstas para esta semana.

Segundo Nuno Gonçalves, as barragens do Baixo Sabor e Foz Tua revelaram-se de “extrema importância” para o setor hídrico nacional, ao permitir que todo curso português do rio Douro tenha os caudais regularizados.

“Quer a barragem do Baixo Sabor quer a de Foz Tua, pelas informações que disponho, são barragens que têm reservas de água para permitir manter o caudal do rio Douro, sem ser colocada em causa a navegabilidade, agricultura, fauna e flora e ambiente”, disse.

O também autarca de Torre de Moncorvo frisou ainda que “era bom que, às vezes, várias intuições, e mesmo o poder central, começassem a olhar para esta região, que é maior produtora em termos de eletricidade e de água” e acolhessem “algumas das reivindicações que são feitas”.

“Nós estamos sempre dependentes de decisões vinda de Espanha, (…). o Governo espanhol tem tendência a fazer ouvidos moucos àquilo que são as pretensões portuguesas em prol das pretensões espanholas. Isto reflete no nosso Douro, porque não temos as nascentes, mas sim a foz”, vincou.

Espanha diminuiu “de comum acordo com Portugal” as descargas de água de barragens hidroelétricas para o caudal do rio Douro previstas para esta semana

Na sequência de uma reunião no sábado passado entre os governos dos dois países, foi tomada “de comum acordo” a decisão de “reduzir a descarga de água das barragens hidroelétricas durante esta última semana do ano hidrológico, perante a evidência de que já não se vai cumprir a 100 por cento o estipulado na Convenção de Albufeira”, que rege a gestão e os caudais dos rios partilhados por Portugal e Espanha, segundo uma resposta a questões da agência Lusa da assessoria de imprensa do MITECO, que assim confirmou uma informação avançada pela agência de notícias espanhola EFE.

Até sexta-feira, 30 de setembro, quando termina o atual ano hidrológico, Espanha tinha previsto a descarga de 400 hectómetros de água na barragem de Almendra, no rio Tomes, entre Salamanca e Zamora, para cumprir a Convenção de Albufeira, sendo este um dos pontos em que a redução acordada terá mais impacto, a par da barragem de Ricobayo, no rio Esla, em Zamora.

Segundo a agência de notícias EFE, a necessidade de fazer esta descarga de 400 hectómetros cúbicos em Almendra, a quarta maior barragem espanhola em termos de capacidade, teria obrigado a uma obra de emergência, para uma captação flutuante de água, de forma a garantir o abastecimento de 48 povoações de Zamora.

Na segunda-feira da semana passada, cerca de três mil agricultores das províncias de León, Zamora e Salamanca manifestaram-se no centro da cidade de León para exigir a paragem da libertação de água para Portugal no âmbito do acordo de Albufeira.

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