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Barragens vão passar a contar com menos vigilância humana

Peritos temem que a segurança das infraestruturas fique comprometida com a reorganização que a EDP quer impor no sistema de segurança nacional das barragens.
10 Março 2017, 17h06

A EDP – Energias de Portugal, entidade que gere várias centrais hídricas no país, quer reorganizar o sistema de segurança nacional das barragens e reduzir “drasticamente” as despesas com vigilância. O projeto passa por substituir, na maioria dos casos, a segurança humana por vigilância eletrónica e deve estar concluído até setembro deste ano.

Segundo o jornal ‘Diário de Notícias’, a EDP abriu um concurso para instalar sistemas de televigilância em 26 das 39 barragens que gere. Contudo, a iniciativa não está a ser bem recebida pelos peritos, que temem que a segurança das infraestruturas fique comprometida, tendo em conta que a mão humana é insubstituível por máquinas ou tecnologias.

“O elemento humano é indispensável para a realização de determinadas funções na fase de intervenção, na resposta a incidentes/acidentes, a ameaças ou riscos, ainda hoje não substituíveis por máquinas ou tecnologias”, afirma ao jornal o professor e o antigo coronel da GNR, Francisco Rodrigues.

Os especialistas lembram ainda que há barragens classificadas como Infraestruturas Críticas Nacionais (ICN). Quer isto dizer que, em caso de rutura, devido a causas naturais ou atentados, todo o funcionamento do país seria afetado e as zonas circundantes sofreriam consequências catastróficas.

“Uma sabotagem nestas infraestruturas, quer sejam centrais hídricas de produção de eletricidade, quer barragens de abastecimento de água, podem provocar incidentes de elevados custos sociais”, explica ao DN, António Nunes, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT).

António Nunes mostra-se apreensivo com a intenção da EDP e sublinha que “a EDP não deveria poder, unilateralmente, numa atitude de economia de escala, tomar estas decisões sem o parecer de autoridades de segurança”.

No entanto, a EDP garante que a segurança das barragens “sairá reforçada” com a implementação desta nova medida, que deve ser agora validada por uma equipa especializada do Sistema de Segurança Interna (SSI), conforme exige a lei.

Fontes envolvidas no processo de reestruturação da rede nacional de barragens contam ao DN que a medida vai permitir à EDP reduzir cerca de 2,5 milhões de euros, com segurança, e quase um milhão com o fim de vários postos de trabalho dos vigilantes.

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