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Bateria de reuniões de bancos centrais marca semana

As reuniões dos principais bancos centrais na América, Europa e Ásia vão dominar os próximos dias, mas provavelmente não vão ofuscar as reações do novo presidente dos EUA.
  • Kevin Lamarque/Reuters
30 Janeiro 2017, 07h15

Desde a vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos que os mercados se viram não só para os anúncios oficiais, mas também para as redes sociais. Com uma média de sete ‘tweets’ por dia, o magnata não se deixa passar despercebido e, em alguns casos, consegue abalar os mercados em menos de 140 carateres.

Veja-se o exemplo do México: Donald Trump anunciou no Twitter que quer taxar a indústria automóvel e o peso, a décima moeda mais transaccionada do mundo, caiu 3,5% em relação ao dólar para mínimos históricos, de acordo com os dados do boletim “The Week Ahead” da Allianz Global Investors. Não é surpreendente, portanto, que o presidente ganhe mais de 100 mil novos seguidores todos os dias.

“Na próxima semana, enquanto os ‘tweets’ de Trump vão, sem dúvidas, gerar novos e interessantes títulos, terá competição, pelo menos ao nível macroeconómico”, refere a publicação. Ombro a ombro com o Presidente dos EUA estarão os bancos centrais. Anúncios sobre política monetária são esperados dos Estados Unidos, de Inglaterra e do Japão, enquanto a Europa estará focada na subida dos preços.

“O trabalho [da Reserva Federal dos Estados Unidos, do Banco Central do Japão e do Banco Central de Inglaterra] está a ficar mais difícil. Ninguém quer estar do outro lado da mira dos ‘tweets’ de Trump, mas o mundo está a divergir de formas que colocam os bancos centrais entre a espada e a parede”. As decisões destes três bancos centrais são de especial importância já que controlam, juntos, cerca de um terço da economia mundial.

Fed vs ‘America First’?

Ainda nos Estados Unidos, o PIB é agora 12% maior do que antes da crise e a inflação, que está nos 2,2%, pode acelerar ainda mais se as propostas fiscais e planos de infra-estruturas de Trump forem aprovados pelo Congresso. Por outro lado, a Fed deverá tentar controlar a inflação com aumentos das taxas de juros, sendo que o banco central na última reunião subiu a previsão do número de aumentos em 2017 de dois para três.

O Federal Open Market Committee (FOMC) reúne-se quarta-feira e a primeira destas subidas pode-se tornar realidade. “Os aumentos dos juros pela Fed podem criar obstáculos ao projeto ‘América First’ de Trump que tem como prioridades as exportações e o crescimento da produção”,  explica a Allianz Global Investors, adiantando que um ‘tweet’ oficial de Trump a anunciar “Chair Yellen – aumenta taxas de juro – prejudica trabalhadores americanos. Triste”, até poderá já estar escrito. Sexta-feira são ainda conhecidos os dados sobre o desemprego no país.

O Banco Central Europeu (BCE) também se reúne na quarta-feira, em Frankfurt, mas será um encontro do Conselho de Governação de política não-monetária. Haverá, porém, outros acontecimentos importantes. Será conhecida, na segunda-feira, a inflação na Alemanha em janeiro, que os analistas indicam poderá chegar aos 2% pela primeira vez desde 2012.

No meio de avanços e recuos do ‘Brexit’, o Banco de Inglaterra (BoE) reúne-se na quinta-feira, depois de o governador Mark Carney ter afirmado no início do mês que há limites até onde deixará a inflação acelerar. Com a subida dos preços de 1,6% em dezembro, o valor mais alto desde meados de 2014, não é de excluir que o BoE possa em breve também anunciar aumentos das taxas de juro.

Em Tóquio há reunião do Banco do Japão (BoJ) na terça-feira,  mas não são esperadas grandes mudanças na política monetária, mas dados sobre vendas do retalho, desemprego e produção industrial, que vão ser anunciados na véspera, poderão influenciar os sinais que o banco central vai enviar aos mercados.

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