O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira que acrescentou 600 mil milhões de euros ao Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), o programa de compra de ativos que lançou em março para ajudar a economia e os mercados a enfrentarem os riscos que a pandemia de Covid-19 trouxe para a economia da zona euro.
A medida, anunciada depois da reunião do Conselho de Governadores, aumenta o valor total do programa para 1,35 biliões de euros. A maioria dos analistas esperavam a decisão, mas apontavam para um aumento de 500 mil milhões.
“Em resposta à revisão em baixa da projeção da inflação no horizonte de projeção, devido à pandemia, a expansão do PEPP facilitará ainda mais a orientação geral da política monetária, apoiando as condições de financiamento na economia real, especialmente para empresas e famílias”, explicou o BCE, em comunicado.
Adiantou que as compras continuarão a ser realizadas de maneira flexível ao longo do tempo, entre classes de ativos e entre jurisdições. “Isso permite que o Conselho do BCE efetivamente evite riscos para a transmissão suave da política monetária”.
O banco central liderado por Christine Lagarde decidiu ainda prolongar o prazo do programa para até junho de 2021, face à data anterior do final deste ano, sublinhando que em qualquer caso o Conselho de Governadores is manter as compras líquidas no PEPP até julgar que a fase de crise devido ao coronavírus terminou.
O lançamento do PEPP e, mais recentemente, os esforços a nível comunitário para criar o Fundo de Recuperação Europeu têm ajudado a manter controladas as taxas das dívidas soberanas na zona euro, incluido as da periferia. A yield da dívida portuguesa a 10 anos no mercado secundário, por exemplo, estava em 1,44% a 18 de março (quando o PEPP foi lançado, enquanto esta terça-feira negoceiam perto dos 0,5%, tendo descido de cerca de 0,55% após o anuncio do BCE.
Em relação à dívida comprada no PEPP e que chegar à maturidade, o Conselho de Governadores referiu que vai continuar a reinvestir esse capital no programa até pelo menos o final de 2022.
O BCE lançou o PEPP a 18 de março, apenas seis dias depois da medida inicial para combater os impactos do novo coronavírus – um aumento de 120 mil milhões de euros no programa existente de compra de ativos (o APP) – ter sido interpretado pelos analistas e investidores como insuficiente desde essa altura.
O banco central revelou esta terça-feira que até final de maio já tinha atingido mais de 31% dos 750 mil milhões no PEPP, tendo comprado 234.665 milhões de euros em dívida soberana e privada. Com um ritmo de compras mais acelerado que o esperado, os analistas disseram que o banco central poderia esgotar o ‘envelope’ de 750 mil milhões de euros já em outubro, e que portanto seria lógico aumentar o valor total em 500 mil milhões, para evitar especulação nos mercados.
Outras razões citada pelos analistas incluíam a falta de tração na inflação, com os preços em maio a subirem apenas 0,1%, o ritmo mais baixo desde 2016, e o facto de o PEPP não ter sido visado pelo Tribunal Constitucional alemão, que considerou como ilegal algumas partes do APP, programa que fora lançado por Mario Draghi em 2015.
O banco central decidiu, também conforme esperado, manter a taxa de juro de depósito inalterada em -0,50%, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez permanecem em 0,00% e 0,25%, respetivamente.
A decisão
[Atualizada às 12h59]
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