O desemprego na zona euro está em mínimos históricos, mas existe o risco de aumentar nos próximos meses, à medida que a subida das taxas de juro impacta os créditos das famílias e das empresas.
O alerta foi feito pela presidente do Banco Central Europeu (BCE) na habitual conferência de imprensa após a reunião mensal.
“A economia provou ser mais resiliente do que o esperado e deve recuperar nos próximos trimestres. A taxa de desemprego continua um recorde de 6,6%, mas a taxa de criação de empregos pode abrandar e o desemprego pode aumentar nos próximos trimestres”, avisou Christine Lagarde esta quinta-feira, 2 de fevereiro.
A presidente do BCE sinalizou as preocupações do banco com a dinâmica salarial nos próximos meses, numa altura em que a discussão remuneratória entre patrões e trabalhadores se foca cada vez mais na subida generalizada de preços.
“Os salários serão uma componente muito importante das pressões inflacionistas implícitas nos próximos meses”, projetou Lagarde, pedindo que as negociações salariais tenham “um elemento de projeção futura”, ou seja, que trabalhadores e patrões avaliem em que nível deverá estar a inflação daqui a uns meses.
“A palavra de ordem é compromisso”, afirmou, reconhecendo que “há uma tendência de reposição em jogo agora”, dada a perceção dos agentes de que perderam poder de compra com a subida generalizada de preços. Também por este motivo, o BCE criou uma ferramenta de monitorização dos salários, de forma a poder agir atempadamente caso se verifiquem efeitos de segunda ordem.
E avisou que a invasão russa da Ucrânia continua a representar um risco para a economia da zona euro. “A elevada incerteza geopolítica, especialmente devido à injustificada guerra da Rússia contra a Ucrânia e o seu povo, continua a ser um vento adverso para o crescimento da zona euro. Em conjunto com a inflação elevada e às condições financeiras restritivas estes ventos afetam o investimento e a produção, especialmente no sector industrial”.
Sobre o crescimento, sinalizou que a atividade económica “abrandou fortemente desde meados de 2022 e esperamos que mantenha-se fraco nos próximos tempos”.
A taxa de juro diretora da zona voltou a subir 50 pontos base: a taxa de referência passa assim para os 3%, com a taxa para os depósitos a subir para os 2,5%.