BCE alerta: valorização do euro pode ter “consequências indesejadas” na inflação

Esta segunda-feira, a moeda única negoceia em baixa, a perder 0,27% para os 1,2001 dólares, depois de ter tocado no valor mais elevado desde dezembro de 2014 na passada sexta-feira.

Ralph Orlowski/Reuters

Depois de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), ter alertado para os riscos da trajetória de valorização do euro, Benoît Coeuré, membro do conselho executivo do regulador bancário veio esta segunda-feira frisar também que os ganhos registados nas últimas semanas pela moeda única podem ter “consequências indesejadas” para a inflação.

“Os choques exógenos na taxa de câmbio, se forem persistentes, podem levar a um aperto injustificado das condições financeiras, com consequências indesejáveis ​​para a perspectiva da inflação”, afirmou Benoît Coeuré durante um discurso em Frankfurt. “Neste contexto, a recente volatilidade na taxa de câmbio representa uma fonte de incerteza que requer monitorização”.

Esta segunda-feira, a moeda única negoceia em baixa, a perder 0,27% para os 1,2001 dólares, depois de ter tocado no valor mais elevado desde dezembro de 2014 na passada sexta-feira. A inversão da tendência de subida segue-se aos esforços do BCE para controlar o valor da divisa e afastá-la do patamar dos 1,20 dólares.

A valorização do euro tornou-se uma dor de cabeça adicional para o BCE, numa altura em que Mario Draghi planeia avançar com a retirada de estímulos financeiros às economias europeias até ao final do ano.

“A política monetária do BCE permanecerá mais acomodativa por mais tempo”, explicou Benoît Coeuré, sustentando que a inflação se manteve contida apesar dos choques cambiais persistentes e que a taxa cambial será um fator a ser tido em conta em eventuais decisões futuras.

Relacionadas

Plano de Merkel para o BCE: trocar Constâncio por De Guindos

No lugar de Mario Draghi, o governo alemão quer o atual presidente do Bundesbank, Jens Weidmann.

BCE: ‘tapering’ já está decidido, só faltam os detalhes

Fontes próximas do Banco Central Europeu revelam que os responsáveis de política monetária do BCE já decidiram estender o programa de compra de ativos para o próximo ano e diminuir o ritmo de compras.

“Calibração”, o termo de Draghi para sinalizar extensão dos estímulos

BCE acredita que vai estar preparado para apresentar um plano de abandono do programa de compra de ativos em outubro, mas vai continuar a acompanhar a evolução da inflação (revista em baixa), do crescimento económico (revisto em alta) e das taxas cambiais.
Recomendadas

Medina anuncia IVA 0% para cabaz de bens essenciais

O IVA do cabaz de bens essenciais vai baixar para 0%, anunciou Medina.

Taxa de poupança das famílias cai para 6% em 2022

Segundo o instituto estatístico, “comparativamente com 2021, o RDB [rendimento disponível bruto] aumentou 7,8% em 2022”, mas este crescimento “não foi suficiente para compensar o aumento da despesa de consumo final, que se fixou em 12,5%, o que determinou a redução da taxa de poupança de 9,9% em 2021 para 6,1% em 2022”.

JE Podcast: Ouça aqui as notícias mais importantes desta sexta-feira

Da economia à política, das empresas aos mercados, ouça aqui as principais notícias que marcam o dia informativo desta sexta-feira.
Comentários