O Banco Central Europeu (BCE) está ligeiramente menos pessimista sobre o tombo do crescimento da economia da zona euro, projetando agora uma queda de 8% do PIB este ano, antes de uma recuperação de 5% em 2021 e de 3,2% em 2021. Apesar da dimensão da recessão, em junho, Frankfurt estimava uma contração 8,7% em 2020, seguida de uma recuperação de 5,2% em 2021 e 3,2% no ano seguinte.
Ainda assim “dada a excepcional incerteza atualmente em torno das perspectivas”, as projeções incluem dois cenários alternativos, explicou a presidente do BCE, Christine Lagarde, esta quinta-feira, em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Governadores.
Porém, se no cenário base o BCE está ligeiramente mais otimista, no cenário moderado as estimativas agravam-se. Em junho, Frankfurt estimava uma contração de 5,9% este ano. Agora, prevê que a queda seja de 7,2%, seguido de uma recuperação de 8,9% no próximo ano (contra 6,8% em junho) e de 3,5% em 2022 (quando previa 2,2% em junho).
Contudo, no cenário mais severo volta a melhorar as projeções, estimando uma recessão de 10% este ano, menos 2,6 pontos percentuais do que em junho. Contudo, para o próximo ano prevê uma expansão bastante abaixo do esperado em junho: 0,5% este ano, que compara com os 3,3% das anteriores projeções. Os peritos prevêem ainda neste cenário uma recuperação de 3,4% em 2022 e de 3,8% em 2022.
“Olhando para o futuro, uma recuperação sustentada permanece altamente dependente da evolução da pandemia e do sucesso das medidas de contenção”, afirmou a francesa, salientando que embora a incerteza em torno da evolução da pandemia deverá atenuar a força da recuperação do mercado de trabalho, do consumo e do investimento, “a economia da zona euro deverá ser apoiada por condições de financiamento favoráveis, uma abordagem orçamental expansionista e um fortalecimento da atividade global e da procura”.
Os peritos do BCE estimam ainda uma inflação de 0,3% este ano, de 1% em 2021 e de 1,3% em 2022. Em comparação com as projeções de junho, as estimativas foram revistas apenas para o próximo ano (-0,8% em junho).
Lagarde defendeu, mais uma vez, a importância das políticas orçamentais na recuperação económica da zona euro, considerando “crítico” uma resposta “ambiciosa e coordenada”. “As medidas orçamentais tomadas como resposta à emergência da pandemia devem tanto quanto possível ser direcionadas e de natureza temporária”, vincou.
“Políticas estruturais bem concedidas podem contribuir para uma recuperação mais rápida, mais forte e mais uniforme da crise”, frisou.
Conselho de Governadores discutiu valorização do euro
Christine Lagarde admitiu que o Conselho de Governadores discutiu durante a reunião a “apreciação” do euro, frisando que “o nosso mandato é a estabilidade de preços, e claramente na medida em que a apreciação do euro exerce pressão negativa nos preços, temos que acompanhar esse tema”.
No entanto, a presidente do BCE não se comprometeu com decisões sobre alterações no mandato da inflação, depois da Reserva Federal norte-americana ter avançado com a medida na última reunião, garantindo ainda assim que o banco central está a estudar o tema.
(Atualizado às 14h45)
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