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BdP: Bancos aumentaram restritividade à concessão de crédito, mas mercado alterou-se pouco no terceiro trimestre

O clima de incerteza traduz-se numa menor tolerância das instituições financeiras ao risco, ainda que, até agora, os efeitos na concessão de crédito sejam ligeiros, bem como do lado da procura por financiamento.
27 Outubro 2020, 18h15

O inquérito do Banco de Portugal (BdP) aos bancos revela que, no terceiro trimestre de 2020, estas instituições aumentaram a restritividade dos critérios de concessão de crédito, ainda que ligeiramente. Os dados foram divulgados esta terça-feira e mostram ainda uma ligeira contração da procura por financiamento das empresas, enquanto que, do lado dos particulares, a procura por crédito à habitação até subiu ligeiramente.

Face ao contexto de enorme incerteza que se vive, o BdP salienta o impacto que teve esta maior perceção do risco por parte dos bancos na sua oferta de crédito, que envolve agora critérios mais apertados, sobretudo no caso das empresas. Assim, os spreads atribuídos a estes contratos, bem como as garantias exigidas e os montantes sofreram ligeiras alterações, de forma a compensar este aumento do risco.

No caso dos particulares, os critérios de concessão para o crédito à habitação e ao consumo mantiveram-se inalterados no terceiro trimestre de 2020. Ainda assim, no caso do consumo, verificou-se um ligeiro aumento na proporção de pedidos rejeitados, algo que não aconteceu no crédito à habitação ou nos créditos a empresas.

Do lado da procura, o inquérito do supervisor destaca a menor necessidade das empresas por financiamento, dado o menor número de fusões/aquisições e investimento previsto. Por outro lado, os particulares beneficiaram da manutenção das baixas taxas de juro no crédito à habitação, enquanto que a baixa confiança levou a que caísse a procura por crédito ao consumo neste terceiro trimestre, ainda que só ligeiramente.

Os bancos portugueses reconhecem ainda o impacto positivo do programa de compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE) teve durante o período em análise, sobretudo na capacidade de financiamento a empresas e nos balanços das entidades bancárias, ao permitirem uma melhoria da liquidez e dos rácios de fundos próprios.

Por outro lado, a taxa de juro negativa aplicada pelo BCE baixa a rendibilidade dos bancos ao cortar parte da sua margem financeira, algo que é posteriormente compensado pelo sistema de dois níveis de remuneração das reservas aplicado , que isenta pate da liquidez excedentária desta taxa de juro negativa.

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