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BE. Pureza avisa que “linha justa” é a da autodeterminação da Ucrânia

O dirigente bloquista José Manuel Pureza defendeu hoje que a “linha justa” sobre a Ucrânia é a da defesa da autodeterminação, numa resposta aos críticos internos sobre este tema, que aqueceu o debate na XIII Convenção Nacional.
28 Maio 2023, 11h52

“Perguntam-nos agora o que é que fomos fazer a Kiev e eu digo-vos: fomos levar a um povo que está a ser morto à bomba a nossa solidariedade. A bomba é a bomba e a solidariedade é a solidariedade, uma mata a outra protege”, declarou Pureza, numa das intervenções mais aplaudidas no Pavilhão do Casal Vistoso.

Ao longo do dia de sábado e já hoje de manhã, ouviram-se palavras duras sobre a decisão do BE de integrar a delegação de deputados que visitou o parlamento da Ucrânia, com Mário Tomé, da Moção E, a questionar a ida da deputada Isabel Pires ao parlamento ucraniano “a convite do nazi que chefiou a chacina de dezenas de trabalhadores reunidos na casa dos sindicatos em Odessa”.

Hoje, a investigadora e membro da direção da União Mulheres Alternativa e Resposta, também subscritora da moção adversária da de Mariana Mortágua, disse que ficou “coberta de vergonha” com a participação do BE naquela visita e afirmou que “há uns anos o Bloco não teria feito isto”.

“Há uns anos o Bloco não teria feito isto. Em tempos idos, lembro-me do camarada [Luís] Fazenda colocar a questão da NATO como uma base de demarcação da nossa política, mas agora não podemos dizer NATO fora da Europa, assim como dizemos Putin fora da Ucrânia, e também não podemos falar de uma política de paz, porque isso seria defender a Rússia. Que política a preto e branco é esta, submetida aos interesses dos governos europeus?”, lamentou a professora.

A investigadora manifestou-se a favor da autodeterminação dos povos e pela condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia, mas salientou que o objetivo da NATO “não é salvar o povo ucraniano mas conquistar cada vez mais influência a leste” e considerou que falta essa linha de demarcação à atual direção.

Intervindo depois, José Manuel Pureza procurou rebater estes argumentos afirmando que, tal como no passado em relação a outros povos, “a linha justa é a da defesa da autodeterminação”.

“Pode esta esquerda ter agora uma posição que não essa sobre a Ucrânia? Não, não pode ou então deixa de ser esta esquerda e passa a ser outra. A esquerda internacionalista escolhe o único lado que lhes é exigível, rejeitando todas as estratégias imperialistas sejam quais forem os seus intérpretes”, declarou.

Falando logo a seguir a Manuela Tavares, o eurodeputado José Gusmão já tinha rebatido as críticas da moção adversária sobre o posicionamento do Bloco de Esquerda face à Ucrânia e a NATO, considerando que “são divergências inventadas”.

A posição do Bloco “não mudou um milímetro” e é “reafirmada quase todas as semanas: a oposição ao alargamento da NATO e a defesa da extinção da NATO e de todos os blocos militares”.

O eurodeputado passou ao ataque declarando que as críticas nesta matéria constituem uma “divergência inventada para esconder uma divergência real, que é sobre a questão de fundo, sobre a condenação da agressão russa e a solidariedade com o povo ucraniano e a sua resistência pela autodeterminação”.

“Os camaradas da moção E dizem que estão solidários com o povo ucraniano, mas opuseram-se a toda e qualquer medida concreta que o BE tenha apoiado de apoio à resistência ucraniana, defenderam publicamente a entrega dos territórios ocupados pela Rússia à Rússia”, acusou.

Sobre a participação do BE na visita à Ucrânia, José Gusmão ironizou que “não é chá com o Presidente, é [uma visita] ao parlamento ucraniano” e apontou que os críticos internos queriam que o partido “assumisse uma posição oficial de não reconhecimento da Ucrânia e das suas instituições”.

Na XIII Convenção do BE, que termina hoje em Lisboa, serão votadas as moções A, de Mariana Mortágua, que elegeu cerca de 80% dos delegados, e a moção E, de Pedro Soares, que representa um minoria.

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