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BE quer comissão de inquérito ao Novo Banco

Bloco de Esquerda revela que pediu ao novo governador Mário Centeno relatório de auditoria interna na resolução do BES e que o BdP voltou a recusar a sua entrega. Um documento que serve para escrutinar a atuação do supervisor no caso BES/GES, numa altura em que auditoria da Deloitte diz que grande fatia de perdas do Novo Banco ficou a dever-se aos ativos do BES, BE quer comissão de inquérito por considerar que auditoria é insuficiente para avaliar atual gestão do Novo Banco.
  • Cristina Bernardo
2 Setembro 2020, 13h29

O Bloco de Esquerda revela que quer comissão de Inquérito sobre Novo Banco por considerar que auditoria da Deloitte é insuficiente para avaliar atual gestão do banco liderado por António Ramalho. Relatório não terá indicado grandes problemas pós-resolução, concluindo que as perdas de mais de quatro mil milhões de euros no Novo Banco se deveram “fundamentalmente” à exposição a ativos “que tiveram origem no período de atividade do Banco Espírito Santo”.

“E por entendermos que a auditoria não vai tão longe quanto devia no escrutínio da atual administração do Novo Banco que queremos a comissão de inquérito. O que é preciso descobrir não é o volume das perdas, essas são publicadas nos relatórios e contas. O que queremos saber é se havia negócios ruinosos por que é que foram transferidos para o Novo Banco. E a razão porque foram vendidas carteiras de ativos, nomeadamente de imóveis com enorme desconto – é uma questão que não tem resposta ainda”, avançou Mariana Mortágua, deputada do BE nesta quarta-feira, 2 de setembro, numa comunicação aos jornalistas depois da conferência de imprensa do Novo Banco, onde o seu presidente voltou a sinalizar que vieram do BES 70% das perdas e 95% dos ativos que geraram perdas.

Mariana Mortágua volta a defender que o processo de venda do Novo Banco à Lone Star “foi ruinoso”, considerando que deram “demasiado poder” ao fundo norte-americano e que “os mecanismos de fiscalização do Banco de Portugal não funcionam”.

“A auditoria da Deloitte, tendo algumas informações, não nos permite apurar a gestão atual do Novo Banco, nomeadamente a venda de carteiras de crédito que foram feitas com desconto”, explica a deputada do BE, realçando que “o Parlamento não tem elementos essenciais para fazer a avaliação adequada” dado que a auditoria agora entregue ao Governo “não explica a gestão que António Ramalho está a fazer”.

Mariana Mortágua recorda que o Novo Banco custo oito mil milhões ao Estado português e aos contribuintes. “Não e uma brincadeira, é preciso apurar responsabilidades. É, por isso, que o BE decidiu pedir uma comissão de inquérito. Procuramos transparência e também os seus responsáveis. Devemos isso a todos os contribuintes que com os seus impostos estão a pagar o enorme buraco do BES”, explica.

A deputada bloquista revela ainda que pediu ao novo governador Mário Centeno relatório de auditoria interna na resolução do BES e que o BdP voltou a recusar a sua entrega. Um documento que serve para escrutinar a atuação do supervisor no caso BES/GES, numa altura em que auditoria da Deloitte diz que grande fatia de perdas do Novo Banco ficou a dever-se aos ativos do BES, BE quer comissão de Inquérito por considerar que auditoria é insuficiente para avaliar atual gestão do Novo Banco e diz que o objeto desta comissão ainda “vai ser definido”.

“Recebemos hoje a resposta do Banco de Portugal. O governador Mário Centeno recusa-se a enviar a auditoria à resolução do BES, contrariando a resolução da Assembleia da República e até a posição do Governo quando era ministro das Finanças”, afirmou Mariana Mortágua, acrescentando que quando o BE pediu novamente esta auditoria, no final de julho, foi na primeira semana de Mário Centeno como governador do BdP e com base em indicações do Governo que tinha pedido também ao BdP esta auditoria.

“Na sua audição de nomeação para governador, Mário Centeno disse que não pretendia ficar numa torre de marfim. Por isso, é com enorme surpresa que vimos esta recusa de hoje”, frisou, assegurando que o BE vai utilizar “todos os meios jurídicos e políticos para que esta auditoria seja entregue na Assembleia da República”.

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