O protótipo criado pela Universidade de Aveiro quer acabar com as centenas de acidentes sofridos anualmente pela população invisual portuguesa.
Está a ser desenvolvida na Universidade de Aveiro (UA) uma bengala que utiliza ultrassons para detetar buracos e declives com o objetivo de ajudar pessoas com deficiência visual. Já em fase de protótipo, a bengala produz vibrações no punho, avisando o utilizador que se aproxima, por exemplo, de uma escadaria ou de um buraco no pavimento.
O projeto nasceu no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) como resposta a um desafio lançado à academia de Aveiro pela Associação Promotora do Ensino dos Cegos (APEC), que quer acabar com as centenas de acidentes sofridos anualmente pela população invisual portuguesa, muitos dos quais com consequências graves, resultantes dos obstáculos indetetáveis com uma normal bengala.
Victor Graça, presidente da APEC, afirma que o projeto desenvolvido na UA “é, sem qualquer dúvida, uma grande ajuda para as pessoas com deficiência visual porque dá muito mais informação do que as bengalas existentes”. O responsável adianta que os avisos lançados pela bengala para a existência de obstáculos ao nível do chão “são uma grande mais-valia para esta população”.
Para já, os obstáculos suspensos ao nível da cabeça do utilizador ainda não são detetados pelo protótipo do DETI. Mas é uma funcionalidade que será objeto de futuros desenvolvimentos. A expectativa dos investigadores é criarem um produto acessível, com um preço que ronde os 100 euros. “O custo das que se fabricam no estrangeiro [com funcionalidades similares] são vendidas” em Portugal “por um valor que as pessoas com deficiência por norma não conseguem pagar de modo nenhum”, diz Victor Graça, salientando o preço mais acessível da bengala da UA como outra das vantagens do projeto.
Jorge Anjos, funcionário da UA e invisual, tem ajudado os investigadores a melhorar a bengala. “Os primeiros passos estão dados. Agora é preciso não parar”, diz.
Armanda Alexandre