Benoît Hamon tem sido um político permanentemente insatisfeito dentro do Partido Socialista Francês. Sempre na ala crítica, assinou duas moções de censura contra o primeiro-ministro, Manuel Valls, que se tornou o seu único rival para ser candidato da esquerda, depois de vencer a primeira ronda das primárias.
“É o primeiro tijolo para reconstruir a esquerda”, assegura Hamon, segundo o El País.
As sondagens apontavam o terceiro lugar para Benoît, depois de Valls e do ex-ministro Arnaud Montebourg, também ala esquerda; no entanto Hamon alcançou o sucesso com um discurso anti-capitalista.
“O crescimento do PIB é uma convenção, a riqueza não se reflete no bem-estar, no desenvolvimento e nas desigualdades. A corrida permanente ao consumo continua a levar-nos à catástrofe. O crescimento contínuo é um mito e, por ele, sacrificamos os nossos direitos sociais e recursos naturais”.
O “eco-socialista”, como se descreve, tem pouco a ver com o seu antigo aliado Valls que se classifica como “social-reformista”. A medida que propõe estabelece um salário social universal, de pelo menos 600 euros, para os maiores de 25 anos.
Uma medida que gerou controvérsia e deu azo a questões da oposição, no sentido de querer saber como iria Hamon arranjar fundos para esse salário social.
“Da mesma forma que o governo atual conseguiu arranjar 40 milhões para dar a empresas” respondeu prontamente o candidato.
O candidato tem opções mais imaginativas para arrecadar capital para as suas medidas, por exemplo, quer taxar os robots.
“Se uma máquina substitui um homem e cria riqueza, não há nenhuma razão para que essa riqueza não seja tributada”, afirma.
Protecionista, intervencionista e altamente crítico da política europeia, Hamon fez declarações a favor da nacionalização dos bancos, abomina austeridade, e é a favor de limitar o livre comércio.
Adepto da Constituição Europeia, pretende dar vistos a refugiados e legalizar a marijuana e eutanásia.
“Temos de defender os cidadãos da Europa. Temos de reforçar as fronteiras externas da UE, não as fronteiras nacionais. O défice vale pouco contra o risco de Marine Le Pen “, assegura o político.
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