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Bernie Sanders: “Unidos contra os interesses dominantes podemos eliminar a pobreza”

Uma semana antes da reunião anual do Fórum Económico Mundial, Bernie Sanders criticou, num artigo de opinião, o “culto do dinheiro” e o aumento das desigualdades entre ricos e pobres, que leva a “uma descrença na democracia”.
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17 Janeiro 2018, 09h25

O ex-candidato à nomeação do Partido Democrata norte-americano Bernie Sanders apelou, num artigo de opinião publicado no jornal “The Guardian”, a que o mundo se una “contra os potentes interesses dominantes”, para “eliminar a pobreza, aumentar a qualidade de vida e enfrentar as mudanças climáticas”.

“Eis como estamos em 2018: depois de todas as guerras, revoluções e cimeiras internacionais dos últimos 100 anos, vivemos num mundo onde poucos extremamente ricos controlam desproporcionalmente a economia e a vida política da comunidade mundial”, escreve Sanders num artigo divulgado pouco mais de uma semana antes do início da cimeira de Davos, onde o Fórum Económico Mundial, integrado por líderes político e empresariais e outros intelectuais, debaterá as questões económicas e sociais que o mundo enfrenta.

Mencionando casos do que considerou serem de “elites corruptas, oligarcas e monarquias anacrónicas”, o ex-candidato preterido pelo Partido Democrata na corrida à Casa Branca, em 2016, questionou como é possível “que as seis pessoas mais ricas do mundo detenham mais riqueza do que 3,7 mil milhões de pessoas juntas”; e como é possível que os “multimilionários exibam a sua [opulência], quando quase uma em cada sete pessoas mal sobrevive com menos de 1,25 dólares [1,019 euros] por dia”.

Numa alusão à opulência, Sanders, que atualmente é senador no congresso dos Estados Unidos pelo Estado do Vermont, apontou o dedo para Jeff Bezzos, fundador da Amazon e o homem mais rico no mundo, que prefere gastar quase 35 milhões de euros na construção de um relógio, no interior de uma montanha no Texas, que durará supostamente 10.000 anos, enquanto os funcionários dos armazéns da Amazon trabalham “longas e extenuantes” horas a mais para receberem salários “tão baixos”, que têm de recorrer ao Medicaid [sistema de saúde norte-americano para os mais pobres], a senhas de refeição e a [programas] de habitação social” para subsistirem.

Para Bernie Sanders, a proliferação do trabalho precário e o aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres provoca nas pessoas uma “descrença na democracia”, ao sentirem que a economia, a um nível global, “foi manipulada” para recompensar “quem está no topo, à custa de todos os outros”.

O político norte-americano, que numa entrevista à “ABC”, no início deste ano, considerou que Donald Trump “governa como um representante da classe multimilionária”, acredita que é toda “essa disparidade económica” que está a provocar a elevação do “autoritarismo e da extrema-direita – que explora e amplifica os ressentimentos dos que ficaram para trás e adora as chamas do ódio étnico e racial”.

Sanders chega mesmo a apelar à criação de um novo movimento “progressista e internacional”, para enfrentar o que apelidou de “culto do dinheiro” e alimentar a “sobrevivência das mentalidades mais aptas”.

Para o democrata, derrotado por Hillary Clinton nas primárias do Partido Democrata nas presidenciais dos EUA, o mundo vive um momento “crucial”. “Com a explosão da tecnologia e os avanços que isso trouxe, agora temos a capacidade de aumentar substancialmente a riqueza global de forma justa”, escreveu Sanders, desafiando logo de seguida a uma união mundial que enfrente “os poderosos interesses especiais que simplesmente querem cada vez mais para si mesmos”.
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