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Biden tentará honrar perdas da Covid-19 e oferece esperança no primeiro discurso em horário nobre

O presidente norte-americano, que goza de números bastante positivos relativamente à perceção do público quanto à sua gestão da pandemia, procurará indicar o caminho da retoma sem esquecer os mais de 500 mil óbitos ou os 10 milhões de desempregados no país. O seu primeiro discurso em horário nobre é feito no dia que antecede a mais que provável assinatura do pacote de estímulos económicos aprovado esta semana no Congresso.
  • Tom Brenner/Reuters
11 Março 2021, 18h07

O primeiro discurso em horário nobre do presidente Biden deverá constituir uma oportunidade para enaltecer os avanços na vacinação e gestão pandémica no país, sem esquecer as muitas perdas de vida e bem-estar associadas à Covid-19, bem como a necessidade de manter a cautela perante possíveis ressurgimentos da doença.

Joe Biden fala ao país num discurso transmitido na televisão nacional esta quinta-feira, o dia que marca o primeiro aniversário da declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde.

O novo presidente dos EUA procurará aproveitar a data para relembrar os mais de meio milhão de óbitos relacionados com a doença causada pelo novo coronavírus no país, mas oferecendo um vislumbre de esperança, dado o avanço da campanha de vacinação.

“Há uma luz ao fundo do túnel escuro em que nos encontramos há um ano, mas não podemos baixar a guarda e assumir a vitória como inevitável. Juntos, atravessaremos esta pandemia e acomodaremos um futuro mais saudável e esperançoso”, disse o presidente norte-americano esta quarta-feira, em antecipação do discurso do dia seguinte.

A comunicação ao país servirá também para preparar os americanos para a recuperação pós-pandémica, que será fortemente auxiliada pelo pacote de estímulos que Biden deverá assinar esta sexta-feira. Esta é, de resto, uma semana repleta de marcos importantes na luta dos EUA contra a pandemia, depois de o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) ter emitido segunda-feira as suas diretrizes para a retoma do trabalho presencial pelos cidadãos já vacinados. Segundo a Associated Press, esta deverá também ser a semana em que é alcançado o número de 100 milhões de vacinas administradas.

Este pacote, que inclui pagamentos diretos de 1.400 dólares (1.169,06 euros) a uma porção significativa dos residentes do país, bem como um acréscimo federal ao subsídio de desemprego de 300 dólares (250,51 euros), constitui uma vitória inegável para o presidente, apesar de ter sido aprovado sem qualquer voto favorável republicano. Joe Biden havia manifestado repetidas vezes esperança e confiança em ter apoio bipartidário nesta medida.

Ainda assim, uma sondagem recente do Pew Research Center mostra que 70% dos americanos apoia a legislação, sendo que a percentagem desce para os 41% entre os eleitores republicanos, o que constitui ainda uma taxa de aprovação considerável, especialmente tendo em conta o ambiente bipolarizado que domina a política americana.

As medidas incluem ainda créditos fiscais por descendente e aumentos no financiamento ao nível estatal e local dos programas de vacinação, numa tentativa de promover o objetivo de ter 100 milhões de americanos vacinados até abril. A média móvel de novos casos de infeção no território americano baixou 12,5% na última semana, mostrando uma evolução favorável da doença.

Os EUA continuam, apesar disso, a ser o país mais afetado pela doença em todo o mundo. Aqui, o SARS-CoV-2 causou já mais de 528 mil óbitos resultantes de quase 30 milhões de infeções confirmadas.

No entanto, em termos económicos há ainda muito trabalho para frente, numa altura em que o mercado laboral regista ainda menos 10 milhões de empregados do que na situação de pleno emprego que antecedeu a chegada da Covid-19. Os números relativos aos novos desempregados atingiram esta quinta-feira um novo mínimo desde novembro, mas, com 712 mil, permanecem ainda muito acima do verificado até março de 2020.

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