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Bilheteira online portuguesa para eventos de todo o mundo

Em pleno processo de internacionalização, a Last2Ticket já tem um pé no sudoeste asiático, num modelo de negócio apoiado pela UE.
9 Novembro 2019, 18h00

O sucesso da Last2ticket, a PME portuguesa que desenvolveu um software de bilheteira online com ferramentas analíticas para aumentar vendas, foi recentemente reconhecido ao ser selecionada pelo “Financial Times” para figurar na lista das 1000 empresas de crescimento mais rápido da Europa.

Nasceu no Porto, em 2011, no seio do Polo de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (INESC TEC) e desde 2016 as soluções de bilheteira online da Last2Ticket já foram utilizadas em mais de três mil eventos em cinco continentes. Desde o arranque do projeto já foram vendidos mais de um milhão de bilhetes. Atualmente, a empresa emprega 11 pessoas e teve receitas de 1,85 milhões de euros em 2017.

Recuando oito anos, Emília Simões, fundadora e presidente executiva da Last2Ticket, em entrevista ao JE, recorda que tudo começou como resposta a sucessivos desafios que sempre se colocam a cada mudança na vida profissional e pessoal. “Fui para o Porto para fazer um MBA e neste contexto fomos desafiados, numa disciplina de empreendedorismo, a apresentar uma ideia de negócio sobre a qual depois os colegas teriam de desenvolver um business plan. E na verdade esta foi a primeira pedrinha no projeto, na Last2Ticket. Criei a empresa sozinha e fui buscar recursos para as primeiras componentes da plataforma. Nascemos então em 2011 a fazer ticketing e a aprender com os nossos clientes, organizadores de eventos. E sempre a trazer toda a aprendizagem para dentro da plataforma”, recorda a responsável.

As dinâmicas foram evoluindo e, apesar de a empresa estar a evoluir bem, era preciso mais. “Há sempre aquela ambição de conseguir fazer numa escala maior. E aí vieram uns desafios consideráveis que levaram a uma reestruturação total da plataforma, logo em 2014, com o objetivo de trabalhar para uma solução que pudesse ser escalável e ser utilizada lá fora. Estes processos são realmente demorados, exigentes, e portanto a verdade é que estamos agora nessa fase”, detalhou.

Há cerca de três anos a empresa foi então desafiada, pelo INESC TEC a tentar a primeira deslocalização do projeto. Sendo esta entidade uma das 11 parcerias do IAPMEI, coordenador em Portugal da Entreprise Europe Network (EEN – Portugal), começou a desenhar-se uma relação, cada vez mais estreita, que conduziria a empresa aos financiamentos da União Europeia, particularmente ao SME Instrument 1, uma “ajuda fundamental para validar o nosso modelo de negócio”, diz Emília Simões.

Em termos de apoios, estiveram envolvidos em vários projetos, financiados pela União Europeia (UE) desde o processo de internacionalização e, segundo a responsável, “a palavra-chave é mesmo estar atento, é procurar”. Na sua opinião, existem muitos apoios, até de âmbito nacional, os quais começam a ser maiores sobretudo se for para a internacionalização. “Temos é de estar alinhados com os apoios existentes porque se não estivermos pode ser muito complicado e aí o dinheiro pode sair muito caro. Obriga a ter tempo e a não desistir”.

Quanto aos apoios, Emília Simões frisa ainda que “é bom não esquecer que todos os financiamentos têm um preço, nada é gratuito. Todos os projetos devem ter isto em mente. Pode não ser o timing certo, nunca sabemos se é, e temos de ter alguma capacidade de aguentar a necessidade, a urgência de ir fazendo despesas, enquanto se aguarda pelo dinheiro”.

Quanto à expansão que a empresa está agora a viver, a primeira aventura aconteceu mesmo muito longe, no sudoeste asiático. “Existe agora a Last2Ticket Asia, a partir do Camboja, ligada a uma rede de expatriados franceses, numa incubadora onde trabalham essencialmente franceses. A partir daqui estamos a tentar desenvolver o negócio lá, com as adaptações necessárias ao mercado asiático. Hoje, inclusivamente, temos uma notícia muito boa: vamos ter o nosso primeiro evento na Tailândia”, avançou. Sobre potenciais mercados, atendendo a que já trabalham em Espanha, França e Portugal, a aposta mais forte são os EUA.

Quanto ao futuro, tudo vai depender dos resultados deste plano de expansão. “Estamos a analisar os caminhos, e há muitos, mas temos noção que alguns nos podem matar ou podem acabar com aquilo de bom que conseguimos. Tenho viajado muito e temos feito muitas e diferentes abordagens. Neste momento, estamos à procura de um parceiro que pode ser de diversas áreas mas que toque também em ticketing mas também em travelling. Procuramos um parceiro que seja um operador e com o qual consigamos estabelecer uma relação justa, para dividir o risco e crescer juntos”.

 

Sucesso também passa por aqui
O apoio vindo da Europa, através da EEN, é também o fio condutor nas histórias de sucesso que as portuguesas Charge2C-New Cap e a TargTex têm para contar. A TargTex, criadora de um novo conceito para combater o tipo mais letal de tumor cerebral (Glioblastoma Multiforme), apresenta uma solução já apoiada pela Portugal Ventures e pela Comissão Europeia (Conselho Europeu de Inovação – EIC). Também a C2Caps, a trabalhar no aperfeiçoamento de uma nova solução (condensador/bateria) de armazenamento de energia, implementou com sucesso o Instrumento SME Instrument 1. Ambas sublinham o peso fundamental do apoio comunitário, atendendo a que os apoios nacionais escasseiam e são sinónimo de uma burocracia excessiva.

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