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Bilionário brasileiro sai do anonimato após retorno de 1000%

Luíz Alves Paes de Barros acumulou uma fortuna ao apostar em ações que ninguém queria.
21 Dezembro 2016, 17h07

Durante anos foi um enigma nos círculos financeiros de São Paulo, mas após ter acumulado uma fortuna ao apostar em ações que ninguém queria, Luíz Alves Paes de Barros, conhecido como o ‘bilionário anónimo’ está a sair da sombra.

No final de 2015, a Alaska Investimentos de Paes de Barros apostou de forma forte e arrojada nas ações da Magazine Luiza, a nona maior retalhista do Brasil. A economia brasileira está a viver a pior recessão em 100 anos, e os títulos da Magazine Luiza estavam em mínimos históricos, mas a aposta foi vencedora, e de que maneira.

As ações renderam um retorno de quase 1000%, o melhor desempenho num dos mercados com a maior valorização no mundo este ano, e transformaram o fundo Black Master, que Paes de Barros gere com dois outros investidores, no segundo maior entre 569 fundos focados em acções brasileiras, segundo dados da agência Bloomberg.

O mais recente sucesso de Paes de Barros, aos 69 anos, vem aumentar o mistério que rodeia o investidor, que iniciou a carreira a negociar ‘commodities’ e depois passou meio século a investir o seu próprio capital, quase exclusivamente em ações de empresas brasileiras. Paes de Barros é um relativo novato quando se trata de investir o dinheiro de outros, mas o método continua a ser o mesmo: favorece títulos brasileiros com avaliações muito baixas e normalmente entra quando outros estão a fugir.

“O aperfeiçoamento da paciência é tudo que tenho feito nos últimos 50 anos”, disse Paes de Barros, em entrevista à Bloomberg. “Adoro quando as coisas correm mal. Quando está mal, eu compro”.

O investidor explica o que o atraiu à Magazine Luiza, e depois a outros títulos como a empresa de pasta de papel Fibria Celulose, a petroquímica Braskem SA, a fabricante de ‘ônibus’ Marcopolo e a mineira Vale.

“O mercado esqueceu estes títulos”, explicou. Se essas ações oferecerem apenas metade do retorno da Magazine Luisa, terão sido investimentos brilhantes. A Alaska acabou por comprar quase 40% das ações da retalhista que estavam no mercado, e no terceiro trimestre deste ano vendeu metade dessa participação.

Questionado sobre como é que sabia que a retalhista, que tem 750 lojas e emprega 25 mil trabalhadores, ia ter sucesso, Paes de Barros disse à Bloomberg: “Simplesmente sabia que as ações estavam baratas”.

O fundo Black Master teve um retorno de 143% este ano, comparado com uma subida de 33% no Ibovespa, o principal índice bolsista brasileiro.

A Alaska Investimento é ainda relativamente pequena no mundo da bolsa brasileira. A gestora emprega apenas 11 pessoas “incluindo a senhora que serve o café”, sublinha Paes de Barros. No entanto, o fundo continua a angariar novos clientes.

Porquê agora, após de 50 anos a investir sozinho? “Porque estou positivo, o mercado vai subir”.

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