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Biotecnologia, energias renováveis e metalomecânica são estratégicas para a reindustrialização de Portugal, diz Costa Silva

Na conferência promovida pela Sérvulo e Associados, o autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica português diz que existe capacidade de inovação em Portugal, mas que o país falha nas políticas públicas.
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    Cristina Bernardo
11 Março 2021, 16h25

O processo de reindustrialização em Portugal deve assentar no desenvolvimento de sectores estratégicos como os da biotecnologia, energias renováveis e da metalomecânica ligeira e pesada, defendeu o autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, António Costa Silva.

Numa conferência promovida pela sociedade de advogados Sérvulo e Associados sobre “opções estratégicas para Portugal”, transmitida esta quinta-feira, 11 de março, na plataforma do Jornal Económico (JE), António Costa Silva apontou, ainda, como estratégico um quarto sector, transversal, que terá por base a aplicação da tecnologia ao sector primário.

Questionado por Diogo Feio, sócio de Direito Fiscal, Arbitragem Tributária e Direito do Desporto da Sérvulo e Associados, sobre quais os sectores de atividade mais estratégicos, Costa Silva destacou a biotecnologia, as energias renováveis e a metalomecânica ligeira e pesada, justificando com o facto de Portugal ter já vantagens competitivas assinaláveis.

“Entre 2012 e 2017, Portugal conseguiu criar 39 novos produtos. Foi a 12ª economia do mundo” neste aspeto, destacou o gestor, ilustrando a capacidade inovadora do tecido empresarial português, que contrasta com o crescimento económico “anémico” que resulta de uma economia com um sector produtivo que exibe um baixo grau de complexidade.

“Onde é que falhamos? Nas competências institucionais. É na área das políticas públicas, dos mecanismos de desenho e de incentivos às empresas para desenvolverem os seus negócios”, argumentou.

Para Costa Silva, é preciso aproveitar as valências já presentes no país, nomeadamente nas biotecnologias da saúde, onde “temos capacidades na área da síntese química fina, na área da fertilização industrial, na criação de medicamentos e dispositivos médicos complexos, na criação de substâncias ativas de medicamentos”.

“Estamos em condições de sermos uma das fábricas de medicamentos da europa e de dispositivos médicos complexos”, defende.

Apontou, também, como estratégica a metalomecânica ligeira e pesada, exemplificada pela impressão tridimensional, reconhecendo-as como áreas com enorme potencial, por poderem “mudar as cadeias de fornecimento mundiais”.

Adicionalmente, o professor do Instituto Superior Técnico e presidente da comissão executiva da holding petrolífera Partex acredita que o sector das energias renováveis também mostra margem para a desenvolvimentos, sobretudo através da integração de vários componentes da produção em Portugal. Tal permitiria reduzir “o conteúdo importado nas nossas exportações”, que é um “dos mais elevados da UE”, disse.

Finalmente, o sector primário, que tem vantagens geográficas assinaláveis, poderá beneficiar fortemente daquilo que Costa Silva chama de “uma internet do território”, que permita uma análise em tempo real conduzida por tecnologias de inteligência artificial e baseada em imagens de alta precisão. “Podemos abrir aqui fileiras imensas de riqueza”, concluiu.

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