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Blinken ignora se Pelosi vai a Taiwan mas pede “responsabilidade” à China

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse esta segunda-feira ignorar se a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, visitará Taiwan, mas pediu ao Governo chinês que aja “com responsabilidade”, não elevando a tensão se tal viagem ocorrer.
1 Agosto 2022, 20h30

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse esta segunda-feira ignorar se a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, visitará Taiwan, mas pediu ao Governo chinês que aja “com responsabilidade”, não elevando a tensão se tal viagem ocorrer.

Em declarações à imprensa na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, Blinken sublinhou que a decisão de visitar Taiwan cabe exclusivamente à líder da câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos, que é um “braço independente” do Governo, embora recordando que há muitos precedentes de visitas semelhantes por parte de representantes do poder legislativo norte-americano.

“Então, se (…) decidir ir e a China tentar criar algum tipo de crise ou aumentar as tensões, isso será culpa de Pequim”, frisou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, afirmando confiar que as autoridades chinesas “agirão com responsabilidade”.

A eventual visita de Pelosi a Taiwan gerou nos últimos dias várias advertências por parte de representantes chineses sobre possíveis consequências.

Na semana passada, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Tan Kefei, declarou que o exército chinês “não ficará de braços cruzados” se tal visita se realizar e instou Washington a respeitar “a sua promessa de não apoiar a independência de Taiwan”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês também declarou que os Estados Unidos terão de “assumir todas as consequências que surjam” dessa viagem.

Durante a conversa telefónica que mantiveram na semana passada, o Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ao seu homólogo norte-americano, Joe Biden, para “não brincar com o fogo”.

Pelosi encontra-se na Ásia em visita oficial e, até agora, anunciou que se deslocará a Singapura, Indonésia, Malásia e Japão, não tendo feito qualquer referência a uma ida a Taiwan, etapa também não confirmada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da ilha.

No entanto, vários meios de comunicação social norte-americanos, citando fontes anónimas, asseguram que tal viagem se realizará, embora os pormenores não sejam ainda conhecidos.

O Financial Times noticiou esta tarde que Pelosi deverá reunir-se na quarta-feira com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen.

O porta-voz da Casa Branca para as questões estratégicas, John Kirby, declarou hoje que a China “parece estar a posicionar-se” para uma demonstração de forma militar em relação a Taiwan, que poderá incluir disparos de mísseis, antes da possível visita à ilha de Nancy Pelosi.

“A China parece estar a posicionar-se para eventualmente dar um passo em frente nos próximos dias”, afirmou Kirby, acrescentando que tal “poderá incluir provocações militares como disparos de mísseis no estreito de Taiwan ou em torno de Taiwan”, ou ainda “incursões aéreas significativas” na zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, que Pequim considera parte do seu território.

A China reclama a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang ali se instalaram, em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas na China continental.

Taiwan, com quem Washington não mantém relações oficiais, é um dos maiores motivos de conflito entre a China e os Estados Unidos, sobretudo devido ao facto de Washington ser o principal fornecedor de armas a Taiwan e de ter declarado que seria o seu principal aliado militar em caso de conflito bélico com o gigante asiático.

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