Os primeiros sinais de inquietação surgiram nos últimos dias de 2019 e nos primeiros da nova década. Com exceção da China, todos os países desvalorizaram o que mais tarde se tornou uma epidemia à escala global, cujas consequências ainda desconhecemos.

O vírus, denominado Covid-19, é um agente minúsculo de 0,000125 milímetros, que se pensa ter tido origem num mercado de uma populosa cidade chinesa porque, na verdade, até isso permanece um mistério. Pouco mais de 60 dias depois da deteção do primeiro caso na China, a propagação do vírus atinge proporções gigantescas: no momento em que escrevo, contam-se já 122 mil pessoas infetadas em mais de uma centena de países, quase 5 mil mortos e 67 mil doentes recuperados.

É quase certo que estes números ainda irão aumentar, já que a epidemia se espalhou como um rastilho pelo mundo, na mesma proporção que a ansiedade e o pânico se instalou nas populações, sobretudo naquelas onde tem sido mais difícil conter o vírus e onde o número de mortos é mais significativo.

Na esfera internacional, este vírus tem trazido inúmeros desafios, colocando em xeque Governos que se consideravam invulneráveis e poderosos, pondo em causa a máquina que faz funcionar a globalização, através do comércio, das viagens, da indústria e do mundo financeiro, remetendo-nos para a nossa condição de mortalidade e para uma profunda alteração dos nossos costumes.

Perante esta nova realidade – a da existência do Covid-19, para o qual as populações ainda não têm imunidade porque não existe uma vacina nem um tratamento específico – resta-nos uma arma: a de tentar retardar a propagação da doença, criando condições públicas para não saturar o sistema de saúde e manter, na medida do possível, a atividade económica.

Na Europa, o serviço de saúde italiano, considerado melhor do que o nosso, colapsou e os relatos que nos chegam de lá não são animadores. Estaremos nós preparados para um contexto mais difícil? Para uma crise de saúde pública sem paralelo na nossa história recente? Infelizmente, a ameaça é real, com o número de pessoas infetadas a subir todos os dias.

A nossa atitude tem de ser forçosamente proativa. O Governo deve investir sem reservas no nosso sistema de saúde, na informação às populações e na prevenção, no apoio às empresas para proteger os seus trabalhadores, no apoio às famílias para proteger as suas crianças e os elementos mais expostos, como são os mais idosos. Tudo deve ser feito para evitar que este seja um problema estrutural e não conjuntural.

Preparemo-nos, pois, o melhor que pudermos e confiemos nas autoridades, sem lados políticos ou aproveitamentos populistas. O momento é de união. O momento é de tomar medidas que nos possam parecer duras e drásticas, mas que são necessárias, sem preocupações orçamentais. O momento é este, enquanto é possível controlar uma propagação rápida, como a que está a acontecer na vizinha Espanha.

O combate para retardar a disseminação até haver uma cura e ser possível controlar este problema de saúde pública deve ser o grande e real objetivo que temos pela frente. Todos os países devem estar unidos nesta causa e Portugal alinhado nas suas orientações, mesmo que o risco de crise financeira ou recessão económica esteja ao virar da esquina.