[weglot_switcher]

BNP lança ‘fintech’ de pagamentos Nickel em Portugal e quer ter 450 mil clientes até 2027

A nova instituição de pagamento do grupo BNP Paribas, anunciou esta terça-feira a sua chegada a Portugal durante o evento de apresentação realizado em Lisboa. O objetivo é de atingir 450 mil contas e 2.500 pontos de venda em cinco anos.
13 Setembro 2022, 19h30

Numa altura em que a banca tradicional está numa rota de subida de comissões sobre as contas à ordem, o BNP Paribas lança em Portugal (e ao mesmo tempo na Bélgica) a terceira operação da marca Nickel.

Trata-se de uma conta de pagamento, com IBAN português e um cartão de débito. Os pontos de vendas são os seus parceiros e a angariação de clientes é feita através de uma rede de mediadores. Isto é, em vez de balcões, o Nickel tem presença física através de papelarias e tabacarias, ou seja, através do comércio local. O que é uma vantagem para a inclusão, em termos de ‘bancarização’ da população. A Nickel promete serviços financeiros mais simples e acessíveis, democratizando o acesso a uma conta e promovendo a literacia financeira.

A apresentação da marca contou com a presença de João Guerra, CEO da Nickel em Portugal, e Thomas Courtois, presidente da Nickel, que apresentaram as características deste novo modelo de negócio que conta já com quase 2,8 milhões de clientes na Europa e oito mil pontos de venda, essencialmente em França e Espanha, onde já têm uma presença forte.

O facto de ter um IBAN português (ao contrário da Revolut, por exemplo, cujo IBAN é da Lituânia) faz com que se possa domiciliar o ordenado na Nickel, explicou na conferência de imprensa João Guerra, CEO da Nickel em Portugal. Isto significa que a empresa é supervisionada pelo supervisor francês, mas, no que toca à supervisão comportamental, é seguida pelo Banco de Portugal.

A Nickel é uma marca da Financière de Paiments Électroniques e, por isso, quem abre uma conta em Portugal na Nickel está a abrir uma conta nessa sociedade do BNP Paribas.

Os comerciantes aderentes são os agentes da Nickel e basicamente terão dois equipamentos. O processo de abertura de conta é desencadeado numa máquina instalada nos pontos de venda aderentes (o Totem) e pode também ser desencadeada online, no site da Nickel. Nas máquinas Totem faz-se também as consultas da conta. Depois tudo o resto é feito num TPA (Terminal de Pagamento Automático) dos comerciantes aderentes, levantamentos, pagamentos, substituição de cartões.

“Adicionalmente, o processo de abertura de uma conta Nickel pode ser iniciado online, através do website ou da aplicação móvel da instituição, bastando depois que o cliente se dirija a um ponto de venda [papelarias e tabacarias] para recolher e ativar o seu novo cartão de débito.”

A nova instituição de pagamento do grupo BNP Paribas anunciou esta terça-feira a sua chegada a Portugal durante o evento de apresentação realizado hoje em Lisboa. Com o objetivo de atingir 450 mil contas e 2.500 pontos de venda em cinco anos. Para isso conta com a colaboração da CCP (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal), que conhece bem a rede de comerciantes em Portugal.

A Nickel tem como objetivo “democratizar o acesso a serviços financeiros essenciais, universalizando o acesso a uma
conta de pagamento através de uma rede de pontos de venda (Agentes Nickel), no comércio de proximidade ou em tabacarias, disponíveis em território nacional”, explica a empresa.

“Queremos fazer parte da criação de um futuro transformador, com um grande foco na inovação e na experiência do cliente, contribuindo não apenas para a inclusão financeira da população, como também para a reaproximação de regiões onde o acesso a infraestruturas financeiras é limitado e para o desenvolvimento da Economia Digital e Cashless, enquanto fomentamos o comércio local, facilitando o acesso a serviços financeiros sem os constrangimentos de horários e a burocracia normalmente associados ao setor”, afirmou João Guerra, CEO da Nickel em Portugal.

Os cartões Nickel permitem o pagamento por contactless através de um Near Field Communication (NFC), neste caso da Mastercard. Ora isto é uma vantagem competitiva face ao MB Way (da rede multibanco), porque este só permite pagamentos de contacto com um QR Code e só em Portugal, ao contrário do cartão Nickel, que permite pagamentos contactless no estrangeiro.

As transferências SEPA são gratuitas e em número ilimitado. A conta é aberta sem um montante mínimo de abertura.

Até ao momento já é possível abrir uma conta Nickel  em mais de 100 pontos de venda (ainda essencialmente em Lisboa e Porto mas com olhos na expansão para o resto do país).

João Guerra acrescenta que “com uma comissão anual de manutenção de conta de pagamento de 20 euros (mais 80 cêntimos de Imposto do Selo), sem montante mínimo de abertura e sem obrigatoriedade de domiciliação de ordenado, é possível abrir uma conta com um documento de identificação em qualquer Agente Nickel. Na abertura da conta, o cliente recebe de imediato um cartão de débito Mastercard Nickel Classic e um IBAN português que lhe permitem realizar todas as operações necessárias para a gestão do seu dia a dia”.

Obstáculos nos pagamentos ao Estado

Há ainda uma obstáculo a ultrapassar no que se refere aos pagamentos ao Estado, que neste momento só é praticamente permitido na rede Multibanco, deixando de fora outros players. Mas tal como o Jornal Económico noticiou na passada sexta-feira a Autoridade da Concorrência já enviou ao Estado recomendações de “neutralidade concorrencial” nos meios de pagamento.

Questionado sobre o assunto, o CEO da Nickel explicou que “neste momento já é possível, através da EBA – Autoridade Bancária Europeia – fazer todas as transações que precisamos mesmo sem ser aderente da SIBS que é o nosso caso, obviamente que quanto mais essa situação for liberalizada melhor para nós e melhor para a concorrência em geral.

A Nickel disponibiliza ainda apoio dos colaboradores que estão preparados para esclarecer qualquer dúvida relativamente a este novo serviço, com apoio ao cliente disponível sete dias por semana. Não está para já previsto a Nickel permitir parcelar pagamentos e dar crédito.

É de salientar que o francês BNP Paribas não tem em Portugal balcões nem uma operação de banca de retalho. Com cerca de 7.100 colaboradores e presença em Lisboa e no Porto, o BNP Paribas é um banco europeu que em Portugal tem banca para clientes empresariais, institucionais e private banking.

O BNP Paribas é dono da Cetelem que está em Portugal e é especializada em crédito ao consumo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.