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Economia em 2021 dependente da vacina e EUA é o país melhor preparado, garante BNP Paribas

O banco francês antecipa várias possibilidades para 2021, um ano ainda repleto de incerteza, sendo que os efeitos da vacina terão grande influência no comportamento da economia mundial. Apesar do forte impacto que teve a Covid-19 nos EUA, o país continua a perfilar-se como a economia mais bem preparada para a recuperação dentro da OCDE.
17 Dezembro 2020, 07h40

O BNP Paribas diz-se “cautelosamente otimista” em relação à evolução da economia mundial em 2021, que liga fortemente à questão da imunidade de grupo à Covid-19, algo que se esperam seja possível de alcançar com as campanhas de vacinação na Europa e EUA. A ideia foi defendida na conferência de imprensa da Unidade de Pesquisa Económica do banco, realizada em formato online na manhã desta quarta-feira.

O banco vê a recuperação económica para 2021 assente em três motores principais: apoio orçamental, apoio monetário e a vacina. Serão estes que determinarão a procura por investimento público, ao nível das empresas, em imobiliário e o consumo, como explicou William de Vijlder, economista-chefe do BNP.

“Queremos estar esperançosos dadas as notícias relativas à vacinação, mas ao mesmo tempo evitar demasiado entusiasmo em relação às perspetivas, porque há ainda muitas questões em aberto”, afirmou de Vijlder.

Na Europa, um dos fatores com maior impacto na performance das economias da União Europeia será a disponibilização e aplicação dos fundos associados ao Next Generation EU, o plano de recuperação económica da crise pandémica. Estes poderão influenciar fortemente o investimento público e o privado, que é condicionado pelos níveis de endividamento dos governos nacionais e das empresas, em alguns casos perigosamente elevados.

Outro dos fatores com forte influência na capacidade de regeneração das economias em 2021 será o comportamento do mercado laboral. Os economistas do BNP apontam o emprego como fortemente ligado ao nível de atividade económica, pelo que uma subida no início do próximo ano, além de expectável, não será um bom sinal. Este facto é agravado pela possibilidade de serem interrompidos vários dos esquemas de apoio à manutenção do emprego, como os regimes de lay-off simplificado que proliferaram pela UE em 2020.

Além disso, as preocupações dos especialistas do BNP estendem-se à política monetária seguida pelo Banco Central Europeu (BCE). Para os economistas do banco, chegará um ponto em que a autoridade monetária da UE terá de acabar com o programa de compra em emergência pandémica, algo que terá um impacto imediato nas taxas de juro das obrigações dos tesouros nacionais e poderá condicionar a recuperação de alguns estados com maior dívida.

Por outro lado, com a chegada das vacinas e uma proximidade cada vez maior a uma situação de imunidade de grupo, certos sectores experienciarão uma inflação temporária resultante de uma combinação entre uma elasticidade da procura menos rígida e a necessidade de recuperar as perdas de receita em 2020.

Um bom exemplo de um sector do género é o do turismo, em que a vontade das pessoas de visitarem lugares novos e finalmente poderem voltar a viajar pode levar as várias indústrias associadas a esta área a subirem preços, compensando os maus resultados no ano que agora termina.

Perspetivas para os EUA

Nos EUA a situação é ligeiramente diferente. Por um lado, a economia norte-americana mostra-se mais resiliente a este tipo de choques adversos, quer por algumas características do seu mercado laboral que a permitem adaptar-se mais rapidamente a variações bruscas da procura, como pela maior facilidade no uso do instrumento monetário para o apoio ao tecido empresarial e aos cidadãos.

Outros dois fatores que jogam a favor da maior economia do mundo são a sua liderança em termos de tecnologias da informação, a área que mais cresceu com a aceleração digital que trouxe a pandemia, e o apoio federal que foi mobilizado durante o ano de 2020, que superou fortemente o verificado na Europa.

“O apoio federal à economia foi enorme”, lembrou Jean-Luc Proutat, economista sénior do BNP Paribas para a OCDE, que salientou também que “os EUA produzem a vacina, nós [Europa] compramo-la”, o que, argumenta, causará uma diferença significativa na rapidez da recuperação económica entre os dois gigantes económicos.

Assim, para o BNP, os EUA continuam a colocar-se no lugar da frente na corrida à recuperação dos indicadores económicos que se verificavam antes da chegada do novo coronavírus, isto dentro do grupo de economias da OCDE, da qual não faz parte a China.

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