[weglot_switcher]

Boeing perdeu 577 milhões em 2019 devido à crise do Max 737

Foram os primeiros prejuízos registados pela fabricante aeronáutica norte-americana em 22 anos. Os custos de indemnizações às companhias aéreas por os aviões não terem sido entregues no prazo já superam os 16 mil milhões de euros
  • DR Christopher Goodney/Bloomberg
29 Janeiro 2020, 14h40

Era um cenário previsível, mas a dureza dos números justifica o choque nos mercados bolsistas. A Boeing apresentou hoje, dia 29 de janeiro, os resultados referentes ao exercício de 2019 e revelou prejuízos superiores a 577 milhões de euros (636 milhões de dólares ao câmbio atual).

É um dos efeitos mais visíveis da crise do 737 Max, modelo de avião em que a Boeing apostava quase tudo para crescer a nível global, mas em que foram detetadas falhas de ‘software’ que causaram dois acidentes em que morreram 346 pessoas no ano passado.

Em março de 2019, aquando do segundo acidente fatal, os reguladores americano e europeu da aviação civil obrigaram as companhias aéreas a manter estes modelos no chão. Já neste mês de janeiro, a empresa decidiu suspender a produção do modelo, o que não augura nada de bom em relação ao futuro do 737 Max, já por muitos considerado como um ‘avião maldito’.

Pior que os resultados negativos hoje apresentados, é a fatura que a construtora aeronáutica terá de assumir face às encomendas que não conseguiu cumprir junto de dezenas de companhias aéreas: a conta já vai neste momento acima dos 16 mil milhões de euros e tem tendência para subir nos próximos meses.

No olho do furacão, a Boeing perdeu no ano passado, também ao fim de várias décadas, o torno de maior fabricante aeronáutico mundial, cedendo a liderança global do setor à Airbus.

Nomeado recentemente, apesar de fazer parte da anterior administração que conduziu a empresa a estes desaires consecutivos, o novo CEO da Boeing, Dave Calhoun, terá de enfrentar os acionistas e apresentar-lhes um plano de recuperação que os convença.

Também a administração de Donald Trump, a poucos meses de eleições presidenciais, segue o ‘dossier’ com a máxima preocupação, porque os maus desempenhos económico-financeiros já estão ter impacto na economia norte-americana ao nível do PIB – Produto Interno Bruto, exportações e investimento, além de poder ter efeitos negativos ao nível do emprego nos Estados Unidos

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.