[weglot_switcher]

Bolsas de Cabo Verde, Angola e Moçambique estudam unir-se numa plataforma comum

A bolsa de Cabo Verde passará a contar com seis cotadas, e o novo plano estratégico da instituição é chegar às 10 empresas cotadas até 2025. Miguel Monteiro deixou em Lisboa a promessa de o conseguir. A Cabo Verde Telecom avança para a bolsa até ao fim do ano.
6 Março 2023, 13h00

A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva), a Bolsa de Cabo Verde e a Bolsa de Moçambique querem avançar com uma integração das três bolsas numa plataforma comum, em termos digitais, revelou o presidente da Bolsa de Cabo Verde, Miguel Monteiro, durante um almoço com jornalistas em Lisboa. Na prática, as três bolsas querem ser um embrião de uma “Euronext” africana.

Em outubro do ano passado, as três bolsas assinaram um memorando de entendimento que visa a especialização dos recursos humanos e partilha de experiências, bem como a promoção da internacionalização dos mercados no âmbito das áreas prioritárias da cooperação.

A Bolsa de Cabo Verde já existe há 25 anos, mas só tem quatro empresas cotadas e uma capitalização bolsista de 980 milhões de euros. Neste momento as cotadas são a Caixa Económica de Cabo Verde (CECV); o Banco Comercial do Atlântico (BCA) – o maior de Cabo Verde, é que detido pelo grupo CGD em 58,2% e está em processo de venda; a Enacol e a Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos (SCT).

Mas até ao fim do ano a Cabo Verde (CV) Telecom vai entrar em bolsa a par de outra empresa que o presidente da bolsa não identificou.

Assim, a bolsa de Cabo Verde passará a contar com seis cotadas, e segundo o novo plano estratégico da instituição é chegar às 10 empresas cotadas até 2025. Miguel Monteiro deixou a promessa de o conseguir.

O presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) espera agilizar com o acesso das pequenas e médias empresas ao mercado de capitais e conta com a revisão em curso da legislação pelo regulador AGMVM. Não só para agilizar a entrada em bolsa, mas também para facilitar o recurso ao mercado para fazer emissões de dívida (obrigações).

Entre as mudanças que deverão ser introduzidas pelo regulador de mercados do país está a redução de capitais próprios necessários para entrar em bolsa.

Além disso, a BVC quer os “Diáspora Bonds”, dirigidos à comunidade emigrante cabo-verdiana.

“Podemos dizer claramente que foi um ano marcante a vários níveis, que irá permitir que em 2023 nós tenhamos uma meta mais alta, nomeadamente pequenas e médias empresas a recorrer ao mercado de capitais, com as mudanças que se avizinham feitas pela Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários, em termos de critérios de acesso, diminuição do montante mínimo necessário para as empresas estarem cotadas na bolsa”, disse recentemente Miguel Monteiro, presidente do conselho de administração da BVC, num evento na cidade da Praia, sede da bolsa, citado pela Lusa.

Nesse evento que se realizou no início deste ano, a Bolsa revelou que o montante de emissões no mercado primário, incluindo títulos do tesouro, atingiram em 2022 os 27.925 milhões de escudos (253,3 milhões de euros), “traduzindo num recorde quanto ao volume de emissões no mercado primário desde o início das atividades” da Bolsa, há 25 anos.

Para 2023, Miguel Monteiro afirmou que o objetivo é aumentar o número de emissões e realizar a primeira emissão de uma ‘obrigação azul’ em Cabo Verde, ainda segundo a Lusa.

A Cabo Verde Telecom, que vai entrar em Bolsa até ao fim do ano, é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social, em 57,9%, pela estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), pela a Sonangol Cabo Verde (5%) e pelo Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os acionistas, bem como privados nacionais (13,7%). A entrada em bolsa deverá ser feita através das participações públicas.

Miguel Monteiro revelou esta sexta-feira que a emissão de obrigações azuis que ficou concluída no passado dia 28 de fevereiro teve “uma procura de 150%”, sendo que 20% do total da procura veio da diáspora.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.