Na sublime quarta temporada da série “Westworld” surge esta tirada: “os homens dependem tanto do que conseguem ouvir, que nunca entenderão o que não ouvem”. Ali, também a personagem De Evan Rachel Wood faz a reflexão: “que há algo de errado com o mundo”.

Sim, desde o Covid que se percebeu que a equação tinha de mudar. Não é o mundo que se tem de adaptar a nós, somos nós que nos temos de adaptar ao mundo.

Depois, uma guerra que nunca vivemos, que permanece duradoura e sem solução, provocações constantes (como é verdadeiramente a ida de Nancy Pelosi a Taiwan), líderes mundiais de fancaria e, agora, o prenúncio de uma recessão global e consequente pobreza mundial que encerra várias ameaças e mesmo revoltas populares.

Sim, “há algo de errado com o mundo”, mas não é um problema da natureza ou de alterações climáticas, é apenas o fracasso da natureza humana. Por isso, todas aquelas questiúnculas que surgiram nos últimos tempos, as tranças de Rita Pereira, os impropérios de Pedro Abrunhosa, o destino de Cristiano Ronaldo que ficou no mesmo sítio depois de ser a rainha rejeitada em diversas Cortes europeias (leia-se grandes clubes), naturalmente soam ridículas face ao momento pelo qual passa o nosso país e o nosso planeta.

Temos é de nos preocupar com a falência de sinais vitais na percepção das pessoas.

A Justiça não funciona, o Serviço Nacional de Saúde todos os dias dá sinais de esgotamento, e agora até há esquadras de polícia que têm de fechar por falta de meios, o que é uma machadada na ideia subliminar de segurança da comunidade. Depois há o caos nos aeroportos, uma inflação galopante que indicia que haverá muita contestação nas ruas a partir do Outono.

Enquanto isso, um punhado de políticos decide aderir ao TikTok (são prioridades, com certeza). Já não bastava a armação fajuta de Rui Rio com o gato Zé Albino no Twitter (todos sabem com que resultados), para agora virem cavalheiros com saltinhos e dancinhas para uma rede social que passa todos os dados pessoais para os chineses (tal como outras redes os dão a americanos e russos).

Para lá deste panorama quase de fancaria, vemos a Ucrânia sem qualquer solução de paz iminente, ao mesmo tempo que Zelensky e a esposa fazem produções de propaganda para a Vogue; a China a ameaçar como nunca os EUA por culpa da senhora Pelosi, enquanto metade dos norte- americanos acredita numa guerra civil em breve; a Itália pode cair nas mãos da senhora Meloní e com isso temos a extrema-direita a comandar um poderoso Estado europeu, e no Brasil, onde se sente que Lula vai ganhar, vemos Jair Bolsonaro a rosnar contra o sistema eleitoral e com a ameaça patente que pode não acatar o resultado das urnas, que poderá conduzir o país para um pântano armado e de clivagem norte-sul.

É por isso que qualquer pessoa racional tem de estar pessimista, até porque há o já mencionado “algo de errado com o mundo”. O pior somos nós, os humanos. E, sobretudo, os líderes, sem esse bem cada vez mais escasso – o bom senso.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.