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Bordal chega à Chanel e aos Emirados

Quase 500 bordadeiras asseguram a alta qualidade dos produtos da fábrica de Bordado Madeira que tem apostado na modernização dos designs para conquistar os mercados nacional e estrangeiro.
7 Dezembro 2017, 06h50

Fundada em 1962, a Bordal é um dos principais fabricantes e exportadores do Bordado da Madeira. Depois de um período de crise, o negócio foi resgatado, na década de 90, por João Vacas e a esposa Susana. Hoje, a fábrica madeirense trabalha com perto de meio milhar de bordadeiras e vende peças para várias partes do mundo.
“Nos últimos anos, o nosso maior desafio e objetivo tem sido reinventar o Bordado da Madeira. Desde que estamos na Bordal, eu e a minha mulher, apostámos em simplificar muitos dos desenhos e modernizá-los, mantendo obviamente a tradição e a qualidade que é intrínseca ao Bordado Madeira”, revela João Vacas ao Económico Madeira.

A modernização do serviço de atendimento, a dinamização das redes sociais e de uma loja online foram outras ferramentas essenciais à revitalização deste negócio tradicional que vive da arte das bordadeiras, uma produção totalmente manual e centenária.

“Temos a fábrica onde fazemos a parte inicial do processo – o picote do papel, o desenho, a estamparia e os acabamentos, processos que envolvem 20 pessoas. Depois as peças são distribuídas pelas bordadeiras nas suas casas. Por fim, recolhemos as peças e fazemos o acabamento aqui na fábrica, que consiste em recortar, lavar, engomar e embalar”. João Vacas orgulha-se de ter implementado na fábrica uma base de dados que permite encomendar peças de lotes fabricados nos últimos 20 anos.

“Com esta base de dados, controlamos toda a produção. Isso permite-nos saber quem estampou ou bordou determinada peça, até a linha que usou, nos últimos 20 anos”, regozija-se o sócio-gerente da Bordal.

Família real dos Emirados entre os clientes da Bordal

A arte de bordar à mão é minuciosa, requer paciência. É pois natural que o negócio da Bordal privilegie a qualidade em detrimento da quantidade de peças produzidas. “Uma toalha de mesa com bordados mais ricos pode demorar um ano a fazer”, explica João Vacas.

A delicadeza do trabalho reflete-se no custo final: uma toalha chega a custar 2.500 euros. A Bordal produz uma grande diversidade de artigos, mas especializou-se nos segmentos de mesa, cama e bebé, confecionados com linhos e algodões de elevada qualidade.

Inicialmente vocacionada para a exportação, a fábrica começou, nas últimas décadas, a desenvolver o mercado regional (direcionado para turistas e residentes), centrando as vendas no exterior nas lojas de retalho de renome. Entre elas, a família real dos Emirados Árabes Unidos.

“Nós temos clientes na Madison, Cristian Dior, em Atenas, Londres… Trabalhamos com lojas de elevados padrões qualitativos”, enumera João Vacas.

A Bordal faturou, em 2016, 675 mil euros, mais 50 mil euros do que no ano anterior. Embora a exportação represente uma fatia importante do negócio, as vendas nacionais também estão a crescer: 47% do volume de vendas é atribuído ao mercado nacional, o restante deve-se à exportação.

Nós últimos quatro anos, a loja online tem potenciado as vendas. As encomendas chegam do continente, Açores, Brasil, Emirados, Inglaterra e E.U.A. Na loja, presencialmente, são mais os brasileiros, os latinos e os ingleses a adquirirem peças com bordado Madeira, sendo os produtos para bebé os campeões de vendas.

A Bordal tem à disposição dos clientes mais de 40 mil desenhos. Entre os fãs de tão delicadas peças, conta-se a família real dos Emirados Árabes Unidos e a casa Chanel.

“Uma das experiências mais marcantes para nós aconteceu em 2014, quando colaborámos com a Chanel para a coleção da primavera/verão de 2015. Fizemos aplicações para as blusas e, para fazê-lo, paramos a fábrica durante seis meses ”, conta Susana Vacas que tem sob a sua alçada o processo de personalização dos bordados.

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