[weglot_switcher]

Boris Johnson na Índia para ‘puxar’ o país para o lado ocidental

A dependência da Índia face à compra de petróleo e de armas à Rússia já levou vários líderes ocidentais, nomeadamente Joe Biden, a questionar Narendra Modi sobre se o país não estará do lado errado da barricada. Os britânicos querem colocar tudo de volta ao sítio certo.
  • 18 645 euros
21 Abril 2022, 17h45

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, chegou esta quinta-feira à Índia e leva uma agenda cheia – que tem em primeiro plano o cenário da guerra da Ucrânia: o país asiático não tem sido dos mais empenhados na recusa em acabar com todos os apoios à Rússia e o Reino Unido quer mover toda a sua (enorme) influência para atrair o país para o Ocidente. A sua dependência do petróleo e das armas russas é o pano de fundo contra o qual Boris Johnson se vai empenhar.

O início da viagem será em Gujarat, Estado natal do seu homólogo indiano, Narendra Modi. “Enquanto enfrentamos ameaças à paz e à prosperidade da parte de Estados autocráticos, é vital que democracias e os seus amigos permaneçam juntos”, disse Johnson, citado pela imprensa britânica, à partida para a Índia.

Modi expressou preocupação com a guerra na Ucrânia e pediu o seu fim, mas a relutância de Nova Délhi em condenar Moscovo sem tibiezas levou os líderes ocidentais a pressionarem a Índia para mudar a sua posição – que tem sido em parte semelhante àquela que a China mantém.

Segundo a Al Jazeera, a maior petrolífera da Índia, a Indian Oil Corporation, comprou três milhões de barris de petróleo russo em março, o que levou o presidente norte-americano, Joe Biden, a pedir a Modi que não aumentasse as compras ao país invasor. Mas a Índia não assumiu qualquer compromisso nessa área, preferindo manter todas as opções em aberto – levando mesmo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, a evidenciar a dependência da Europa face ao petróleo e ao gás russos. “Provavelmente, as nossas compras totais para o mês serão menores que as da Europa em apenas uma tarde”, disse.

Por outro lado, e segundo a mesma fonte, a Rússia continua ser o principal parceiro da Índia na área da defesa, com o Kremlin a exportar armas no valor de mais de seis mil milhões de euros entre 2016 e 2020.

O gabinete de Boris Johnson deixou saber que o primeiro-ministro discutirá com Modi o fortalecimento da cooperação de segurança com a Índia, oferecendo opções alternativas para aquisições nas áreas da defesa e da energia.

Além da geopolítica, o comércio e os investimentos são as prioridades que Johnson leva até à sua antiga colónia – numa viagem que no pós-Brexit assume uma importância acrescida. O primeiro-ministro disse, já em solo indiano, que empresas britânicas e indianas têm em vista investimentos cruzados de mais de mil milhões de euros e acordos de exportação nas áreas de engenharia de software e saúde, entre outras, que permitirão a criação de 11 mil empregos em toda a Grã-Bretanha.

Colaborações nos sectores da ciência e tecnologia e na criação de stratups conjuntas no digital, para além do investimento na troca de estudantes dessas áreas fazem também parte da agenda comum. O cruzamento das economias dos dois países sofreu um forte incremento a partir de maio do ano passado – com o estabelecimento de um roteiro conjunto para revitalizar o comércio e os investimentos – que deverá ser alvo de nova apreciação esta sexta-feira, quando Johnson e Modi se encontrarem em Nova Délhi.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.